Tuesday, November 5, 2024

37 - Filosofia da Interpretação do Mundo

 

37 - FILOSOFIA DA INTERPRETAÇÃO DO MUNDO

 

A – QUAL A SOCIEDADE IDEAL? ACAMPAMENTO E ÍNDIOS

      O acampamento é a situação que melhor supre as necessidades humanas, porque têm um sentido moral e ideológico completo. Há um princípio, meio e fim. Objetivos a longo prazo bem delineados. Uma convivência em grupo próxima e um íntimo contato com a natureza.

      É com pudor que notamos o caminho pelo qual passa a sociedade, digo isto relacionando com uma falta de seriedade e pelo desmoronamento dos valores humanos. Pessoas vivem dentro de suas realidades podadas, casas fechadas, trancafiadas à sete chaves são mentes fechadas. Os índios são um exemplo de sociedade ideal, moralmente e socialmente muito mais evoluídos. Os acampamentos em geral são vistos como modalidades direcionadas às crianças e adolescentes, entretanto é certo que o mundo seria bem melhor se todos fossem acampantes.

      Na busca de uma sociedade ideal devemos buscar o que seja de formação pessoal e formação social

B –  VALE A PENA VIVER? PELO QUÊ?

      Meus queridos irmãos, sem sombra de dúvida nossos caminhos intelectivos, os quais até agora percorremos, nos proporcionaram interessante material de discussão. No entanto sobrevivem uma série de tormentos, que nos assaltam, estes que muitas vezes nos pegam desprevenidos causando transtornos dos mais variados. É por isto que o homem precavido, ainda que não seja perfeito, está sempre mais preparado para a vida que os que andam por aí sem rumo ou direção.

      Tendo sido feita esta introdução geral, para a qual diversas interpretações podem ser sugeridas, declararei que o assunto que me levou a escrever agora ou mesmo até agora é de grande profundidade e sublimação: A própria vida! Para ser mais específico: A graça da vida, a paixão de viver. Por quê o ser humano insiste em viver? É por causa das situações da vida que nos proporcionam momentos de sublime euforia, ou sublime espirituosidade. Mas como vivenciar estes naipes de sentimentos? Primeiramente:

1 – No mundo deve haver música

2 – A vida deve ser considerada complexa

      Eu, pessoalmente, reluto em acreditar que vale a pena viver, não falo aqui, julgo que o leitor compreenda, de alegrias superficiais, senão da mais profunda vivência que se possa ter das coisas, das pessoas e de tudo o que te cerca.

      O que buscas na tua existência? Diga: Um caminho reto e linear, sem distorções e superficialidades, um grande caminho onde impere uma felicidade infantiu, uma espiritualidade completa e sincera, um viver integral, ora estas: Não será este o caminho linear? Os momentos sublimes, simples e complexo ao mesmo tempo são magníficas dádivas que a vida nos proporciona.

 

C – O HOMEM NATURAL!

      Quê dizer do ser humano quando este fugiu à sua própria essência? O desenvolvimento das cidades nos distanciou da natureza, com isto nós mesmos esquecemos que fazemos parte dela, efetivamente somos “homens naturais” e fazemos parte de um contexto harmonioso dito natureza. Nadar num lago, correr descalço na grama, subir numa árvore, se enlamear, brincar como criança na areia da praia, caminhar pela mata à luz do sol ou luar, contemplar as belezas naturais. Tudo isto representa fundir-se com a natureza, de tal modo que o homem encontra seu verdadeiro local, seu ponto de equilíbrio, uma alegria silenciosa, pois definitivamente: O homem é natural!

 

D – MUNDO ESPIRITUAL; A VIDA E SUA FUNDAMENTAÇÃO INICIAL: SONHOS

QUANTOS MINUTOS?

Do seu dia de hoje você despendeu para:

Contemplar a profundidade e imensidão das estrelas?

Contemplar a magnitude das nuvens?

Emergir em pensamentos na coloração do céu?

Refastelar tua alma num ócio espiritual?

Brincar com uma criança?

Ler e refletir o evangelho de Jesus?

Orar?

Meditar?

Pensar nos problemas mais profundos de teu âmago?

Enfim: Viver de verdade!

Em toda a tua vida:

Quantos minutos você viveu?

Quantos minutos você amou?

Ao mundo ( Está Deus nesta vertente. ) à ti e aos outros.

 

      Não é só num momento de derrota ou dor que devemos chamar à Deus para confabular, mas sim em todos os momentos. Deus deve ser louvado constantemente, assim como o homem respira deve louvar à Deus e pedir com constância orientações dos mestres espirituais, anjos e arcanjos que olham por nós e nos ajudam quanto mais nos damos conta deles, sempre orar para que delineiem seu caminho da maneira mais adequada, e caso necessário intervenham na permuta de teu destino. Assim com se respira deve se orar!

      Ter a consciência de que a vida é maravilhosa, bela e misteriosa é imprescindível para uma vivência profunda das verdades eternas.

      O segredo está em desvendar o que quer o espírito ( o seu próprio espírito ), pois nossas sub-vontades do corpo e da razão são tão aparentes quanto o mundo em que vivemos. Ter a consciência de estar vivendo em um mundo aparente, tudo é pois tão pequeno diante do “mundo espiritual”, diante da transcendência quanto é um punhado de areia diante de vasta costa marítima de um país. É pesaroso notar como muitas vezes nos agarramos à este punhado de areia, como se representasse tudo o que possa existir. Aquele que nota a grandeza da costa logo ri de si mesmo, e de quão cego ou ingênuo fora até então.

       Há de se ter a “consciência espiritual” 24 horas por dia, ou seja: à todo momento, em todos os minutos e segundos, pois o mundo não é dividido em dois ( Espiritual e Físico ) senão é composto de uma única unidade. Caso esta consciência espiritual se esvaia ou seja parca o indivíduo terá pouca noção da realidade. Tão mais importante é isto quando sabemos que é o mundo espiritual a essência de tudo, enquanto que o “mundo físico” é mero e ínfimo reflexo do espiritual.

      É tarefa árdua e difícil a aproximação ao mundo espiritual, é acúmulo do desenvolvimento intelectual, sentimental, moral e criativo do indivíduo. Na junção de infindável quantidade de orações, seja em pequenos trechos, escassas palavras ou longas horas de vigília.

      O quê é júbilo? Transcendência, realização e êxtase, é um sentimento provindo de uma tarefa cumprida, um dever executado. São aqueles poucos minutos que valem por uma eternidade, ousaríamos dizer que são os momentos de glória, a realização de nossos sonhos mais belos.

      A vida é feita de sonhos, o homem traça em sua existência determinadas metas ( inicialmente irreais ), então labuta em torno disto, luta através de diversos caminhos para atingir seu sonho. Algo que foi estipulado por uma criação mental dele, tudo partiu de um princípio criativo pessoal.

      Sem estes sonhos ou metas a vida não teria sentido, orientação ou direcionamento. Logo para se viver, no sentido pleno desta palavra, deve haver um sonho, uma sina.

      Qual é a sua sina? Qual é o seu sonho? Qual é o nível de importância que você coloca nesta pretensão? É uma pretensão à curto, médio ou longo prazo? É uma ou são muitas pretensões? O nível de importância que você coloca em seus sonhos irá indicar o quão intensamente você se direciona num determinado caminho. Do contrário a vida se torna um labirinto sem sentido certo, sem rumo, no qual não sabemos o quanto deveríamos nos aplicar em cada atividade, nem qual seria, numa visão ampla: o objetivo desta atividade, nem de que maneira esta estaria integrada com as outras.

Os sonhos são a criação inexistente

Que nos faz viver

O suor é a atividade incessante

Movida pelos sonhos inexistentes

Somos movidos por algo inexistente

Que do logrado passa a existir

Encontra-se assim o júbilo do êxito

É a maior ascensão da vida

São os minutos eternos

Logo deve haver outro e outro sonho

Abençoado seja aquele que muito sonha

Pois este é o que vive

  E – A LEMBRANÇA E SUA SIGNIFICAÇÃO

      A vida é feita de retornos, pois sonhos antigos podem ser retomados, quando isto ocorre têm-se a sensação de estar nascendo novamente, e é somente no momento do renascimento que se pode ter a consciência de quão vazia é a morte. Quando se está morto é impossível ter a noção da profundidade do efeito da própria morte. É evidente que falo aqui num sentido metafórico, uma alusão que pode ser aplicada à qualquer atividade da vida.

      Explicar-me-ei: O indivíduo cessa uma atividade por período prolongado, e retorna, renasce novamente, só se dá conta da importância desta atividade quando a pratica e não no período em que se abstêm dela.

      Estamos constantemente renascendo em determinadas atividades, nascendo em algumas outras e morrendo em outras.

      Isto porque o viver nos proporciona muitas opções, selecionamos algumas delas, e se acaso deixamos de desempenhar determinada atividade por período prolongado diz-se que perdemos a noção da importância que esta atividade tinha para conosco.

      Por quê isto ocorre? Justamente porque o ser humano se preocupa demasiadamente, ou em maior proporção com o momento presente que com o passado ou com o futuro. A unidade de nossas vidas é encontrada com a soma de todas as vivências ( passado ), com o presente e as pretensões ou sonhos ( Futuro ou futurização ). Assim, a essência de uma pessoa só pode ser encontrada com a soma de passado, presente e futuro.

      A maioria das pessoas, como dito, se preocupa com o presente, não por causa de uma vontade própria senão por uma tendência natural do ser humano, poderíamos também dizer que é uma fraqueza ou preguiça do espírito, já que o consciente foge à sua completude.

      O fato é que fora dito que na ausência de determinada atividade perde-se a noção de sua consistência e importância. Não obstante é fato de que uma rememoração, uma lembrança profunda irá dizer o quão importante era esta atividade ou vivência.

      Posso lembrar o quão importante era a corrida para min sem estar correndo há anos e anos. Impossível é lembrar a sensação da corrida, pois esta é provinda dos sentidos e não do intelecto. Pode-se lembrar a importância de determinada atividade, mas não a experiência de vivência desta atividade.

      Da mesma maneira quando criamos novas, criativas e diferentes expectativas para o futuro, inovamos o estoque de sentidos que damos às coisas já existentes, mudando levemente ou mais intensamente o sentido destas coisas.

      Lembremo-nos que recordar é uma experiência ativa, pois a lembrança não é uma imagem fixa senão algo com o qual dialogamos de diferentes maneiras a cada vez que acessamos, e temos uma perspectiva nova para com determinada lembrança a cada vez que recorremos à ela, dela extraímos coisas diferentes a cada vez que lembramos, por isto lembrar é vivenciar e não repassar uma fita de vídeo que é igual toda vez que vista.

      Assim temos que tanto o passado quanto o futuro ( Perspectivas ) tratam-se de vivências. Por isto podemos considerar estas três sub-divisões do tempo como um todo, que pode ser denominado de “unidade da vida”.

      As pessoas que têm o hábito de rememorar, em geral chamadas de saudosistas, começam a notar o real sentido daquilo que já foi vivido, muda-se o sentido e nota-se que durante a vivência não se sabia exatamente o valor da vivência. É ditado popular:  - Somente quando não se têm é que sabe-se o quanto vale! – É por isto que rememorar é uma capacidade essencial à busca do verdadeiro sentido da vida, que deve evidentemente ser constantemente evocada.

       Também é com a lembrança e com a formação das perspectivas futuras que nos damos conta da vasta amplitude do sentido geral da vida.

 

F -  O CARÁTER NO ESPORTE

        Uma das pretensões que tenho com este livro é imergir no tema da corrida, de quando em vez, e inseri-lo na abrangência da vida. Já que sendo um corredor tenho sempre grande curiosidade em desvendar as questões filosóficas do corredor.

      A capacidade intelectiva é a chave para o sentido moral da vida, um ponto inicial que têm como outras ferramentas os sentimentos.

      Companheirismo, amizade, metas, desafios, coragem, força de vontade , persistência, perseverança, fé, religiosidade, resistência, concentração, indiferença à dor e controle são as características de um maratonistas.

      Um sujeito, que pelo caminho das necessidades desenvolve em si estas características, e se acaso me perguntassem se a maratona desenvolve e forma o caráter de uma pessoa, eu respondo tanto pela vivência prática quanto pelas explanações teóricas de maneira pungente e absoluta: Sim!

      Mas o que é que consideramos por caráter? É o que distingue uma pessoa de outra, a personalidade, a firmeza de vontade e a constância e estabilidade relativas na maneira de agir e reagir; O feitio moral. ( Do dicionário )

      Caráter é o que caracteriza. É como quando perguntamos: Qual será o caráter de tal reunião? Esta pode ser festiva, de trabalho ou comemorativa, à fantasia ou radical, serena ou cheia de baderna. Ou seja: Qual é o tipo? A feição? A cara?

      Nas pessoas o mesmo ocorre, cada qual desenvolve caráteres diferentes. A pergunta exata que deveríamos fazer é se a corrida desenvolve determinado caráter no ser humano, ou seja: Se lhe proporciona determinados tipos de características.

       É evidente que sim: O caráter já foi definido nas linhas anteriores, é desenvolvido de acordo com a quantidade e qualidade dos treinos. No entanto surge-me uma pergunta, que ao meu ver é desagradável: É o caráter que define a qualidade do treino ou é o treino que desenvolve o caráter do corredor?

      As duas afirmações estão corretas. Para melhor exemplificar esta idéia farei a descrição real de minha experiência como patinador “street”:

      “Quando via os outros patinadores saltando largas escadarias nas praças ficava boquiaberto, chegando a pensar que o que faziam era loucura. Minhas façanhas eram indizivelmente menores, constavam em apenas conseguir, com bastante dificuldade saltar uns três degraus e pronto. Todavia, para minha surpresa, aos poucos fui evoluindo, de tal modo isto transcorreu que em determinado momento notei que minhas pretensões eram tão ou mais audaciosas quanto a deles: procurava os locais mais altos dos quais pudesse saltar, e ainda, quando já treinado naquele lugar, procurava novas maneiras de saltar; De fato muitas vezes caía e me estatelava no chão, não obstante, assim como aprendia a voar aprendia a ir de encontro ao chão da maneira menos desagradável possível, o que requer certa propriedade artística supostamente.”

      Caros leitores: Nota-se que na medida em que o patinador salta e melhora seu desempenho também melhora sua coragem, força de vontade, técnica de movimento, força física, resistência física e psicológica para suportar as variáveis negativas e equilíbrio. Coexistem aqui características psicológicas e físicas. É seu caráter que lhe permite executar um salto, na medida que melhora seu caráter o aumenta e pode ousar novos e incautos saltos, pois se a força de vontade não fosse cada vez maior ele não iria buscar novas e maiores dificuldades senão ficaria estagnado nas mesmas.

      O mesmo ocorre com o corredor, principalmente aquele que chega a ser maratonista, pois desenvolve determinadas peculiaridades psíquicas que são concernentes àqueles que desempenham tarefas extremamente laboriosas e de conclusão árdua e penosa.

 

Cegos pisamos num caminho

Andando a passos largos

Numa direção imprecisa

Certos de que tudo está certo

Tudo é como deveria ser

Somos nós quem construímos nossos destinos

Não obstante somos inevitavelmente sujeitos às circunstâncias que nos envolvem

Por isto a liberdade é relativa

Mediante isto

Nossas vontades, nosso querer é submetido ao mundo que conhecemos

Ao que julgamos por mundo

Pisamos no pouco caminho que conhecemos

Vamos por onde nossa restrita vontade nos leva

Pensei que fosse um direito

Saber para onde se vai depois da morte

Esta informação causaria problemas à muitos

Pois a vida existe ( Material )

O fato de ela existir é a prova mais precisa de que nisto há importante motivo

A ti te basta saber que esta é a tua função

Este é o teu trabalho

Por quê pensar no que irá me ocorrer se acaso perder o emprego?

Quando se está empregado pode-se consultar um desempregado para saber o que sente ou como é o desemprego.

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