Tuesday, November 5, 2024

26 - A maçã e o pecado

 

26 - A maçã e o pecado

 

O prazer parcial não me seduz

Tudo o que é parcial é limitado

O conjunto é integral e harmonioso

Não tive alternativa

O prazer maior é contemplar a vastidão do universo

Se comprazer no sublime silêncio

Em meio à tristeza

Não se iludir com a margem da água

Mas sim notar a profundidade

De lugares desconhecidos e misteriosos

O prazer maior é tão sério e consciente

Que se afasta até do sorriso

O prazer maior é sábio e sério

Percebe o quanto perece o que é parcial

Não é morder uma maçã

Mas contemplá-la

A solidão é o maior prazer

Isto é sabido...

Mas não cumprido!

Qual a saída?

Sim, é esta!

Ensinar a verdade à todos

Definitivamente resolvido

Uma verdade maior

Além das ínfimas preocupações mundanas

Além, Além, Além

Do pequenino desejo humano

Além, Além, Além

Da visão com os olhos

Percepção do espírito

É a que me leva à contradição

Ao dilema, ao atrito

Não é assim, acaso, o progresso?

Por isto ser mais perceptivo é perigoso

Põe em risco à todos que te circundam

Não te entenderão

Não irão sequer querer te entender

A verdade última um dia irá prevalecer

O amor inunda o mundo

O amor integral

Onde o que era pecado se transforma em virtude

No final o pecado é uma virtude

Depende do sentido dado ao ato pecaminoso

Não se deve ver com os olhos

Senão com o espírito

O prazer parcial não me seduz

Mas sim aos que me envolvem

Me cerco de erro... Como acertar?

Não creio mais em meu próprio corpo

A que ponto cheguei?

Meus sentidos não me convencem

Meus sentidos não me seduzem

O prazer dos sentidos me é petulante

Chega a ser algo irracional

Sem fins plausíveis ou concretos

Praticamente uma ilusão

O caminho está por completo no psiquismo

Caminho intelectual e sentimental são a última verdade

Que dá sentido ao físico

 

      Se não há psique formada de maneira complexa o indivíduo se perderá na realidade de sua ignorância, quando luta pela busca do conhecimento há um momento em que os prazeres físicos não mais são necessários, conforme descreve o dilema do poema.

 

Visão com os olhos e visão com o espírito

 

Minha alma se confrange

Diante de tal dualismo

Ainda que possa entender

O que ocorre no pecado

Pois o pecador nunca é ciente de seu pecado

Pois está limitado por sua ignorância

Que a si mesmo é lhe desconhecida

Por isto não existe pecado no mundo

O que existe é ignorância

Que deve ser combatida com o desenvolvimento do potencial integral do homem

Para que passe a ver com o espírito e não com os olhos

Não mais seja seduzido por sua própria ignorância

Nem viva mais a completude de sua limitação

Que descubra contemplar a vastidão do universo

Com o espírito

Porque com os olhos não se enxerga tal complexidade de realidade

Sejamos tristes, sérios e sábios

Fugindo à ignorância do prazer limitado

E unindo-nos ao prazer integral

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