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- A maçã e o pecado
O prazer parcial não me seduz
Tudo o que é parcial é limitado
O conjunto é integral e harmonioso
Não tive alternativa
O prazer maior é contemplar a vastidão do universo
Se comprazer no sublime silêncio
Em meio à tristeza
Não se iludir com a margem da água
Mas sim notar a profundidade
De lugares desconhecidos e misteriosos
O prazer maior é tão sério e consciente
Que se afasta até do sorriso
O prazer maior é sábio e sério
Percebe o quanto perece o que é parcial
Não é morder uma maçã
Mas contemplá-la
A solidão é o maior prazer
Isto é sabido...
Mas não cumprido!
Qual a saída?
Sim, é esta!
Ensinar a verdade à todos
Definitivamente resolvido
Uma verdade maior
Além das ínfimas preocupações mundanas
Além, Além, Além
Do pequenino desejo humano
Além, Além, Além
Da visão com os olhos
Percepção do espírito
É a que me leva à contradição
Ao dilema, ao atrito
Não é assim, acaso, o progresso?
Por isto ser mais perceptivo é perigoso
Põe em risco à todos que te circundam
Não te entenderão
Não irão sequer querer te entender
A verdade última um dia irá prevalecer
O amor inunda o mundo
O amor integral
Onde o que era pecado se transforma em virtude
No final o pecado é uma virtude
Depende do sentido dado ao ato pecaminoso
Não se deve ver com os olhos
Senão com o espírito
O prazer parcial não me seduz
Mas sim aos que me envolvem
Me cerco de erro... Como acertar?
Não creio mais em meu próprio corpo
A que ponto cheguei?
Meus sentidos não me convencem
Meus sentidos não me seduzem
O prazer dos sentidos me é petulante
Chega a ser algo irracional
Sem fins plausíveis ou concretos
Praticamente uma ilusão
O caminho está por completo no psiquismo
Caminho intelectual e sentimental são a última verdade
Que dá sentido ao físico
Se não há
psique formada de maneira complexa o indivíduo se perderá na realidade de sua
ignorância, quando luta pela busca do conhecimento há um momento em que os
prazeres físicos não mais são necessários, conforme descreve o dilema do poema.
Visão com os olhos e visão com o espírito
Minha alma se confrange
Diante de tal dualismo
Ainda que possa entender
O que ocorre no pecado
Pois o pecador nunca é ciente de seu pecado
Pois está limitado por sua ignorância
Que a si mesmo é lhe desconhecida
Por isto não existe pecado no mundo
O que existe é ignorância
Que deve ser combatida com o desenvolvimento do potencial
integral do homem
Para que passe a ver com o espírito e não com os olhos
Não mais seja seduzido por sua própria ignorância
Nem viva mais a completude de sua limitação
Que descubra contemplar a vastidão do universo
Com o espírito
Porque com os olhos não se enxerga tal complexidade de
realidade
Sejamos tristes, sérios e sábios
Fugindo à ignorância do prazer limitado
E unindo-nos ao prazer integral
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