35 - RITMO DA ALMA
A discussão se
dará em torno da inter-relação entre cada tópico que foi abordado de maneira
separada até agora:
Considerado
intuição-sentimento ou intuição-razão, fazendo repercutir a razão-nova intuição
ou sentimento-nova intuição, num processo que pode se estender ao infinito.
Exemplo de tal façanha pode ser representado pela cítara na música indiana e
pelo jazz na cultura ocidental, encontramos na cítara um interessante fenômeno
de:
INTUIÇÃO-RAZÃO-SENTIMENTO-TRANSCENDÊNCIA
Tudo é
transcorrido à partir de um fenômeno intuitivo porque trata-se de música
improvisada, têm-se que um processo está relacionado, justamente porque incita
este outro. Uma intuição incita um determinado processo intelectivo, que por
sua vez, abre ou forma um novo nicho propício à outra intuição.
Um esboço que
representaria de forma fidedigna este processo é o de um círculo.
DESENHO
Como
poderíamos aplicar este círculo ou este conceito em uma visualização prática?
Um músico é tomado por repentina intuição, irá ( Enquanto compõe e toca ao
mesmo tempo ) interpretar pela razão o que foi inventado, logo é criado um
ambiente de sentimento ( Com seus conceitos, valores e idéias pessoais )
levando ao estado transcendental, e dando margem à criação de novas intuições.
Parece que o
que estamos tentando fazer aqui é procurar saber quem nasceu primeiro: Se o ovo
ou a galinha. É a intuição que é interpretada pela razão, tendo ela sobrevindo
antes, ou a razão está presente em todos os momentos desde o principio até o
final da intuição?
Esta
problemática é resolvida quando tomamos como base que, as duas últimas ( 4a
e 5a ) ferramentas que o homem dispõe para conhecer o mundo não
requerem nem a primeira nem a segunda como princípios fundamentais.
Assim, quando
o indivíduo está num estado intuitivo em maior proporção em sua constituição
ele não terá em si a razão ou intelecto latejando em sua consciência. O
problema é que quando estamos num estado intuitivo se quisermos interpretar a
intuição de alguma forma temos que retornar ao nível da razão e sairemos da
maior porcentagem em estado de intuição, pois a melhor forma de pensar na
relação entre os 5 estados de contato com a realidade é feito por porcentagem,
pois tudo está atuando ao mesmo tempo, e os tópicos anteriores foram
exageradamente drásticos apenas por fins elucidativos. O fato é que tudo
atua ao mesmo tempo em diferentes intensidades. Exemplo:
Físico
– 5%
Racional
– 10%
Sentimental
– 15%
Intuitivo
– 40%
Transcendental – 30%
A pessoa
constitui a soma de todos os valores. Um músico no exato momento em que cria
ou improvisa têm maior nível na intuição que na razão, momentos depois ele irá
perceber racionalmente o que fez, sua habilidade física é o meio físico que
ele precisa para tocar a música.
Deste modo
não podemos dizer que cada uma de nossos meios de interação com a realidade têm
intensidades fixas, senão variam conforme cada situação. Ainda que possamos
dizer que as pessoas se diferenciem de maneira irrisoriamente notável em seu
“jeito de ser”, ( Atleta, Intelectual, Artista e Médium ) no entanto estas
diferenças são construídas, porque elas desenvolvem o que mais é utilizado.
Se a pessoa
têm mais contato com valores religiosos é natural pensar que há maior propensão
para que ela tenha maior nível em sua capacidade transcendente, ou em sua visão
transcendente do mundo.
Se o músico
gosta de improvisar, será mais intuitivo. Se gosta de compor contrapontos e
escalas será mais racional, ainda que esteja ambientado na arte. ( Porque tudo
se relaciona )
Com esta nova
teoria, podemos afirmar com convicção de que as personificações que nos
fazem diferentes uns dos outros são ilusões criadas por nossas vontades.
Para “ser”
basta acreditar que se é. Esta frase, aterradora e reveladora ao mesmo
tempo nos traz a idéia de que toda a personalidade é falsa, e, a única coisa
que se iguala nos seres humanos é o “querer ser”, o que condiz com a única
coisa real pois a personalidade é uma ilusão.
No entanto
homem destituído de personificação é homem destituído de personalidade, por
isto é possível dizer que o desenvolvimento da personificação representa a
luta que o homem trava com o mundo, é a criação e invenção de sua própria
personalidade e individualidade.
Quando Jesus
diz que todos são irmãos, e portanto iguais, se referia à raiz do homem, que é
um ser sem personalidade ou individualidade, o que faz com que todos constituam
a mesma essência, que é respectivamente a busca que defende a filosofia
Indiana. Buscar esta raiz significa perder-se de si mesmo ( Já que o “eu”
personificado é uma ilusão ) e entrar num mundo onde a única coisa que existe é
a vontade.
Um aspecto a
se ressaltar aqui é de que o maratonista naturalmente trabalha a vontade
essencial de maneira descomunal, e por isto desenvolve uma vertente que
no ser humano constitui a única coisa que não é ilusória.
Poderíamos
dizer que a vontade é o princípio de todas as coisas, neste caso entende-se por
todas as coisas o tópico personificações humanas.
Não é à toa
que todos os que participam de uma maratona se sentem iguais, ou
despersonificados, a única coisa prepoderante para o término de uma prova desta
envergadura é a vontade.
O que, no
entanto, move a vontade? O que faz surgir a vontade? Os conceitos e valores
pessoais que fazem parte da personificação formam um ambiente propício ao
surgimento de determinadas vontades. Vê-se que a vontade ( Que é o
princípio essencial ) não somente forma
a personificação como se comunica com ela mudando seu caráter.
Não ouso
tentar saber como teria surgido a primeira vontade de todas, mas é certo que
esta foi a que deu margem ao início do longo processo de personificação,
poderíamos colocar mitologicamente como uma fagulha criada por Deus, se foi
criada por ele já nasceu acesa, e por isto têm vontade, a partir daí esta
vontade interage com cada uma de suas 5 ferramentas de conhecimento do mundo,
de modo que para conhecer o mundo em sua maneira crua e verdadeira não se deve
utilizar nenhuma ferramenta, pois as ferramentas distorcem o objeto visto.
O que se deve
fazer para melhor entender o mundo em sua constituição crua é fazer uma
interpretação geral de todas as 5 ferramentas e chegar à um patamar abstrato
que possa superar à cada uma delas. ( Para isto auxilia a criatividade e a
imaginação com o fogo da vontade )
É como dizer
que um indivíduo têm 5 óculos coloridos, e que nunca pode ficar sem óculos, o
melhor que deve fazer para entender o mundo como ele é ( Suas cores reais ) é
fechar os olhos e fazendo uma interpretação geral de todos os tipos de contato
que travou com o mundo usando cada um dos óculos, com o auxílio da imaginação e
criatividade, criar um novo mundo que não se possa comparar aos anteriores
conhecidos. Do contrário, numa vivência tradicional ele nunca conheceria o
colorido que o mundo é. Isto pode ser metaforicamente uma boa explicação para o
fenômeno de transcendência espiritual. A única maneira de conhecer o mundo
“cruamente”, antes das personificações. Deste modo a transcendência não
seria uma personificação como foi classificada, mas sim a busca por algo que
esteja fora das primeiras 4 personificações do mundo ilusório ou o encontro do
mundo verdadeiro.
Teríamos o
seguinte quadro:
DESENHO
Com a metáfora
dos óculos para melhor elucidas, temos que o mundo é amarelo, e que só podemos
conhecê-lo como ele realmente é quando estamos despersonificados ou só
instituídos de vontade, ou então quando buscamos através da personificação
total algo que transcenda à ela própria com o auxílio da imaginação e da
criatividade. Assim: O único modo de conhecer a realidade crua ou pura é com a
vontade primordial ou com a transcendência.
O maratonista
vivencia durante a árdua prova a vontade inicial, pois o que mais se aproxima
dela é o físico ( continuamos seguindo a cadência de interpretação da realidade
mais ou menos complexa ). Já a pessoa que pratica meditação vivencia a
transcendência. Por isto a transcendência é o mais alto grau de complexidade e
vontade primordial o mais alto grau de simplicidade e ausência.
Tanto um
quanto o outro conhecem a realidade por dois caminhos totalmente distintos, um
pelo empirismo total, e algo que venha antes da interpretação física do mundo:
A vontade. O outro pelo abstracionismo total e por algo que esteja ainda depois
disto: A transcendência espiritual.
A busca da
realidade por parte do ser humano deve-se dar de uma destas duas maneiras, o
perigo é ficar perdido no que está entre os dois, ou no mundo ilusório de cada
uma das 4 ferramentas.
A percepção de
que as 4 personificações são ilusórias só se dá quando se enxerga elas estando
fora delas ( Mito da caverna ). Podemos transmitir a mesma idéia de maneira
diferente: Só se chega à verdade estando antes do primeiro passo ou depois de
tudo. Antes do “eu” ou depois do que se possa entender como mundo.
Ou se retorna
à fagulha primordial ou se transpassa uma realidade ilusória até se chegar à
transcendência.
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