Tuesday, November 5, 2024

22 - Metáfora musical

 

22 - Metáfora musical

 

      A maneira como o ser humano percebe o som é bastante complexa, mesmo que na maioria das vezes ocorra uma redundância de valores à produção sonora. A metáfora que aqui será proposta é colocada para explicar o que definimos antes como “realidade perene”, ou verdades irrefutáveis ( quando entendidas ). No nível sensitivo total temos que este se justapõe com todos os outros, pois entendeu que a realidade é única e não abrange variações. Por isto a visão de todos os sensitivos é a mesma.

      Há no mundo diversos estilos musicais, cada um possui uma personalidade específica, e transmite por sua vez um estado de espírito específico. Assim como cada instrumento musical têm uma característica sonora peculiar e específica. ( ainda que tenha em si possibilidades de variações rítmicas infinitas )

      Em nossa metáfora cada instrumento representará uma parte da realidade perene, já que esta, ainda que seja uma só, abarca muitos círculos de realidade ( não esqueçamos que todos os círculos explodiram mesclando o material que dentro deles estava, ou seja: Tudo é interpretado através de tudo )

Piano: É um instrumento majestoso e imponente

Violão: Versátil e prático

Flauta: Sensível e espirituosa

Fagote: Cômico e quase patético

Violino: Profundo, toca a alma

Metais e tambores: Representam a imponência e reverberação

      É evidente que cada instrumento pode ser tocado de infindáveis maneiras, podendo exprimir todos estes adjetivos, esta base foi criada  por força de entendimento. Diz-se que o tambor é um instrumento de tamanha imponência e reverberação que o espírito de qualquer sensitivo se compraz em dar a devida atenção à ele, irá então se inflamar produzindo o conhecido movimento da percepção da realidade.

      Caso o indivíduo seja um aprendiz irá perceber o mesmo tambor de maneira mais simples, despreocupada e fugaz. A realidade depende do nível de importância que se dá à ela e da complexidade dos valores internos.

      Quero me ater aqui ao fato de que o sensitivo, para que possa perceber as coisas do mundo, sejam elas musicais ou não, deve focalizar a sua atenção num ponto extremamente específico, concentrando-se com tal precisão que este ponto irá se ampliar e atingir sua alma.( seja um batuque, uma expressão facial ou uma dor )

      Caso não haja esta concentração, dificilmente haverá inflamação do espírito. Esta metáfora será de bom grado, por ela já abordamos o aspecto inerente à concentração.

      Cada instrumento é uma proposição da vida, uma percepção de verdades eternas: da alegria, da tristeza, do medo, da imponência, da hilaridade ou da ternura. Após aprender a interpretar corretamente cada instrumento, e a concentrar-se nos “motivos” e ritmos tocados, entendendo-os cada vez mais intensamente o aprendiz irá se reportar no mundo onde tudo se une: uma orquestra, lá todos os instrumentos irão se fundir numa só música. Assim como na vida todas as formas de expressão do ser humano são disseminadas por todo o mundo real, e captadas por uma só pessoa: o sensitivo, ele deverá então ter a sensibilidade suficiente para captar todos os detalhes da intrincada senda dos sentimentos humanos e traduzi-los em seu entendimento numa só concepção, numa só música, do contrário ele não poderá entender a realidade assim como ela é, mas fragmentos sem nexo aparente, ou tendo nexo não é o nexo mais verdadeiro e completo.

      Como fazer isto? O que significa captar o detalhe de um sentimento? Captar é o mesmo que perceber e interpretar, a melhor maneira de entender a realidade assim como ela é, é justamente não submetê-la ao crivo de nossas concepções pessoais, pois se isto fizermos estaremos re-interpretando a realidade e distorcendo-a.

      É fácil entender que os outros vêem o mundo de maneira diferente que nós, para entender os sentimentos de outra pessoa é necessário colocar-se no lugar dela, pondo à parte nossas concepções e idéias pessoais. Aliás o sensitivo já não têm muitas idéias pessoais, pois está integrado com todos em idéias e sentimentos, e por isto têm facilidade em não ser ele mesmo, mas ser outro para melhor entendê-lo.

      Com esta estratégia estende-se melhor a psique dos outros, que em se falando de psique potencial são tão iguais quanto todos. Se a música que soa não agrada ao sensitivo há algo errado, pois a música não têm a necessidade de ser bela e harmoniosa ( Numa primeira interpretação enchemo-la de pré-concepções e esteriótipos ), o que há de errado não é em si a música, que pode tr momentos de tensão ou até terror, mas sim a interpretação daquele que ouve.

      A vida terá momentos desagradáveis, tensos, maléficos e aterrorizantes. Em verdade os sensitivo não se deixa impressionar por tais momentos, pois sabe perfeitamente que trata-se de uma ilusão, porque as únicas realidades são as perenes, que vivem em todos em forma de potencial, por isto o mundo sempre foi e será harmonioso.

      Não se pode entrar em atrito com uma pessoa que não entendeu o que é o bem, mesmo que este seja violento. O sensitivo é indiferente às ilusões da erraticidade, pois sabe que são momentâneas, e que em real “não-são”. Não se pode sequer aplicar o verbo ser, é o mesmo que dizer que um gênio que nasceu num ambiente não propicio a desenvolver suas potencialidades “não está sendo”.

      A bondade, sendo uma qualidade perene, quando suprimida pela ilusão da maldade não está sendo. A maldade sendo ilusória não pode ser.

      A desarmonia na música é aparente, pois notas com tons estranhos e ritmos pérfidos não podem ser. Os sensitivos os interpretam como harmoniosos porque entendem o todo em potencial.

      Entender o sentimento de uma pessoa é notar como ela se expressa, mas também procurar conhecê-la em detalhes, como quais são as circunstâncias em que se encontra relacionando suas idéias e pensamentos, não deixando que as concepções pessoais interfiram na percepção do sentimento alheio.

      Assim como quando um músico toca um instrumento devemos nos concentrar na música, mas também na maneira como ele se expressa enquanto toca: Desde os movimentos mais gerais como pés, ombros e corpo, e os mais refinados como mãos, boca e principalmente as expressões faciais com os movimentos executados pelas pestanas, testa e boca nos movimentos dos lábios. Devemos ainda, numa atitude todavia mais atenciosa, minuciosa e “extropectiva” além disto, notar o brilho de seus olhos e logo tentar imaginar o que ele estaria ou está sentindo. Vamos ainda mais profundo, pois o som pelo som não quer dizer nada, ainda que tenha ritmo e entonação, deve-se num empreendimento complexo tentar fazer uma interpretação filosófica da música, ou seja: Dividir a música em muitas partes e perguntar-se: Quê quer dizer cada parte? Esta interpretação deve ser feita através de auto-sugestões fornecidas pelo intelecto, por vezes pela intuição.

      Passadas estas fases é possível chegar ao sentimental, em que com a união de todos estes fatores a música se insere de tal forma no receptor que acaba por provocar-lhe os sentimentos, inflamando-o profundamente, quiçá tanto ou mais que o próprio interprete ou mesmo compositor no ato da composição. Oh amigos! Quão grande são as audácias de nossas divagações filosóficas! Vejam em que situação nos deparamos: O fato é que a percepção não depende de outra coisa senão do nível de importância dada à ocasião em que se assimila o objeto. Podemos nos deparar com um interprete música meio indiferente ao que faz, no mesmo tempo em que um sujeito aprecia de tal maneira a música que chega aos prantos de uma emoção efusiva, o fato de um músico estar indiferente se refere ao fato de que ele não percebe a música com alma, com o movimento do espírito, isto não significa necessariamente que ele não se utilize de expressões faciais, pois estas podem ser fruto de uma criação, uma representação teatral muito bem executada.

     Terei labores dos mais dispendiosos, incalculáveis no intuito de intentar traduzir os dados acima à uma analogia  com a interpretação ou o entendimento dos sentimentos, vamos antes, de uma forma simplificada, dividir as fases que foram descritas.

Físico ( Concentrar na música )

Expressões mais gerais ( Corpo, pés, mãos )

Expressões refinadas ( Expressões faciais: lábios, pestanas )

Racional ( Nível abstrato )

Imaginar o que ele estaria sentindo

Interpretação filosófica da música

Sentimental ( Nível dos sentimentos )

Através de intelecto, intuição e físico

      É notável perceber que a ordenação descrita acima condiz exatamente com a ordenação dos 5 níveis de percepção da realidade no ser humano, sendo o início físico pela percepção auditiva e visual, depois racional através do recurso da curiosidade de imaginar que estaria pensando ou sentindo o músico ou mesmo a interpretação filosófica da música, até que então como que num surto mágico e inintendível pelo intelecto chega-se no nível sentimental, que alicerça nos 2 níveis anteriores com o auxilio da intuição que já constituiria o quarto nível.

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