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- Metáfora musical
A maneira como
o ser humano percebe o som é bastante complexa, mesmo que na maioria das vezes
ocorra uma redundância de valores à produção sonora. A metáfora que aqui será
proposta é colocada para explicar o que definimos antes como “realidade
perene”, ou verdades irrefutáveis ( quando entendidas ). No nível sensitivo
total temos que este se justapõe com todos os outros, pois entendeu que a
realidade é única e não abrange variações. Por isto a visão de todos os
sensitivos é a mesma.
Há no mundo
diversos estilos musicais, cada um possui uma personalidade específica, e
transmite por sua vez um estado de espírito específico. Assim como cada
instrumento musical têm uma característica sonora peculiar e específica. (
ainda que tenha em si possibilidades de variações rítmicas infinitas )
Em nossa
metáfora cada instrumento representará uma parte da realidade perene, já que
esta, ainda que seja uma só, abarca muitos círculos de realidade ( não
esqueçamos que todos os círculos explodiram mesclando o material que dentro
deles estava, ou seja: Tudo é interpretado através de tudo )
Piano: É um instrumento majestoso e imponente
Violão: Versátil e prático
Flauta: Sensível e espirituosa
Fagote: Cômico e quase patético
Violino: Profundo, toca a alma
Metais e tambores: Representam a imponência e
reverberação
É evidente que
cada instrumento pode ser tocado de infindáveis maneiras, podendo exprimir
todos estes adjetivos, esta base foi criada
por força de entendimento. Diz-se que o tambor é um instrumento de
tamanha imponência e reverberação que o espírito de qualquer sensitivo se
compraz em dar a devida atenção à ele, irá então se inflamar produzindo
o conhecido movimento da percepção da realidade.
Caso o
indivíduo seja um aprendiz irá perceber o mesmo tambor de maneira mais simples,
despreocupada e fugaz. A realidade depende do nível de importância que se dá à
ela e da complexidade dos valores internos.
Quero me ater
aqui ao fato de que o sensitivo, para que possa perceber as coisas do mundo,
sejam elas musicais ou não, deve focalizar a sua atenção num ponto extremamente
específico, concentrando-se com tal precisão que este ponto irá se ampliar e
atingir sua alma.( seja um batuque, uma expressão facial ou uma dor )
Caso não haja
esta concentração, dificilmente haverá inflamação do espírito. Esta metáfora
será de bom grado, por ela já abordamos o aspecto inerente à concentração.
Cada
instrumento é uma proposição da vida, uma percepção de verdades eternas: da
alegria, da tristeza, do medo, da imponência, da hilaridade ou da ternura. Após
aprender a interpretar corretamente cada instrumento, e a concentrar-se nos
“motivos” e ritmos tocados, entendendo-os cada vez mais intensamente o aprendiz
irá se reportar no mundo onde tudo se une: uma orquestra, lá todos os
instrumentos irão se fundir numa só música. Assim como na vida todas as formas
de expressão do ser humano são disseminadas por todo o mundo real, e captadas
por uma só pessoa: o sensitivo, ele deverá então ter a sensibilidade suficiente
para captar todos os detalhes da intrincada senda dos sentimentos humanos
e traduzi-los em seu entendimento numa só concepção, numa só música, do
contrário ele não poderá entender a realidade assim como ela é, mas fragmentos
sem nexo aparente, ou tendo nexo não é o nexo mais verdadeiro e completo.
Como fazer
isto? O que significa captar o detalhe de um sentimento? Captar é o mesmo que
perceber e interpretar, a melhor maneira de entender a realidade assim como ela
é, é justamente não submetê-la ao crivo de nossas concepções pessoais,
pois se isto fizermos estaremos re-interpretando a realidade e distorcendo-a.
É fácil
entender que os outros vêem o mundo de maneira diferente que nós, para entender
os sentimentos de outra pessoa é necessário colocar-se no lugar dela, pondo à
parte nossas concepções e idéias pessoais. Aliás o sensitivo já não têm muitas
idéias pessoais, pois está integrado com todos em idéias e sentimentos, e por
isto têm facilidade em não ser ele mesmo, mas ser outro para melhor entendê-lo.
Com esta
estratégia estende-se melhor a psique dos outros, que em se falando de psique
potencial são tão iguais quanto todos. Se a música que soa não agrada ao
sensitivo há algo errado, pois a música não têm a necessidade de ser bela e
harmoniosa ( Numa primeira interpretação enchemo-la de pré-concepções e
esteriótipos ), o que há de errado não é em si a música, que pode tr momentos
de tensão ou até terror, mas sim a interpretação daquele que ouve.
A vida terá
momentos desagradáveis, tensos, maléficos e aterrorizantes. Em verdade os
sensitivo não se deixa impressionar por tais momentos, pois sabe perfeitamente
que trata-se de uma ilusão, porque as únicas realidades são as perenes, que
vivem em todos em forma de potencial, por isto o mundo sempre foi e será
harmonioso.
Não se pode
entrar em atrito com uma pessoa que não entendeu o que é o bem, mesmo que este
seja violento. O sensitivo é indiferente às ilusões da erraticidade, pois sabe
que são momentâneas, e que em real “não-são”. Não se pode sequer aplicar o
verbo ser, é o mesmo que dizer que um gênio que nasceu num ambiente não
propicio a desenvolver suas potencialidades “não está sendo”.
A bondade,
sendo uma qualidade perene, quando suprimida pela ilusão da maldade não está
sendo. A maldade sendo ilusória não pode ser.
A desarmonia
na música é aparente, pois notas com tons estranhos e ritmos pérfidos não podem
ser. Os sensitivos os interpretam como harmoniosos porque entendem o todo em
potencial.
Entender o
sentimento de uma pessoa é notar como ela se expressa, mas também procurar
conhecê-la em detalhes, como quais são as circunstâncias em que se encontra
relacionando suas idéias e pensamentos, não deixando que as concepções pessoais
interfiram na percepção do sentimento alheio.
Assim como
quando um músico toca um instrumento devemos nos concentrar na música, mas
também na maneira como ele se expressa enquanto toca: Desde os movimentos mais
gerais como pés, ombros e corpo, e os mais refinados como mãos, boca e
principalmente as expressões faciais com os movimentos executados pelas
pestanas, testa e boca nos movimentos dos lábios. Devemos ainda, numa atitude
todavia mais atenciosa, minuciosa e “extropectiva” além disto, notar o brilho de
seus olhos e logo tentar imaginar o que ele estaria ou está sentindo. Vamos
ainda mais profundo, pois o som pelo som não quer dizer nada, ainda que tenha
ritmo e entonação, deve-se num empreendimento complexo tentar fazer uma
interpretação filosófica da música, ou seja: Dividir a música em muitas partes
e perguntar-se: Quê quer dizer cada parte? Esta interpretação deve ser feita
através de auto-sugestões fornecidas pelo intelecto, por vezes pela intuição.
Passadas estas
fases é possível chegar ao sentimental, em que com a união de todos estes
fatores a música se insere de tal forma no receptor que acaba por provocar-lhe
os sentimentos, inflamando-o profundamente, quiçá tanto ou mais que o próprio
interprete ou mesmo compositor no ato da composição. Oh amigos! Quão grande são
as audácias de nossas divagações filosóficas! Vejam em que situação nos
deparamos: O fato é que a percepção não depende de outra coisa senão do nível
de importância dada à ocasião em que se assimila o objeto. Podemos nos deparar
com um interprete música meio indiferente ao que faz, no mesmo tempo em que um
sujeito aprecia de tal maneira a música que chega aos prantos de uma emoção
efusiva, o fato de um músico estar indiferente se refere ao fato de que ele não
percebe a música com alma, com o movimento do espírito, isto não significa
necessariamente que ele não se utilize de expressões faciais, pois estas podem
ser fruto de uma criação, uma representação teatral muito bem executada.
Terei labores
dos mais dispendiosos, incalculáveis no intuito de intentar traduzir os dados
acima à uma analogia com a interpretação
ou o entendimento dos sentimentos, vamos antes, de uma forma simplificada,
dividir as fases que foram descritas.
Físico ( Concentrar na música )
Expressões mais gerais ( Corpo, pés, mãos )
Expressões refinadas ( Expressões faciais: lábios,
pestanas )
Racional ( Nível abstrato )
Imaginar o que ele estaria sentindo
Interpretação filosófica da música
Sentimental ( Nível dos sentimentos )
Através de intelecto, intuição e físico
É notável
perceber que a ordenação descrita acima condiz exatamente com a ordenação dos 5
níveis de percepção da realidade no ser humano, sendo o início físico pela
percepção auditiva e visual, depois racional através do recurso da curiosidade
de imaginar que estaria pensando ou sentindo o músico ou mesmo a interpretação
filosófica da música, até que então como que num surto mágico e inintendível
pelo intelecto chega-se no nível sentimental, que alicerça nos 2 níveis
anteriores com o auxilio da intuição que já constituiria o quarto nível.
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