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- A música: parte do “eu”
De modo
efetivo diremos que músicas de caráter repetitivo ou nostálgico, sem um tema
preciso ou melodia bem definida são músicas que ativam o psiquismo humano de
tal maneira que fazem o sujeito percipiente perder a noção do tempo e do
espaço, de modo que auxiliam à ele adentrar-se num rico campo psíquico, neste
momento o indivíduo perde a noção de onde se encontra, conseqüentemente não dá
importância às coisas que possam se relacionar à isto. Também não percebe o
tempo de maneira precisa ou linear, não consegue diferenciar 20 segundos de 5
minutos, entra num estado meditativo.
Quando dizemos
que este sujeito não percebe onde está estamos errados, pois em realidade ele
percebe onde está: está em seu próprio mundo psíquico, e é isto que percebe.
Não está propriamente no mundo dos fenômenos externos, mas sim num mundo cheio
de mistérios e percepções intuitivas que condiz com o mundo mental.
Este caráter
musical têm a mesma função de ser uma faísca que cria o início do processo de
transmutação de realidade da percepção externa-interna para a ponderação
interna-interna, há momentos em que a música parece perder-se em si mesma, como
se não fosse uma sucessão cadenciada de notas colocadas em tempos regulares,
mas sim notas que se embaralham de maneira confusa, percebe-se o tempo 1 da
música mesclado com o tempo 5 sem que os tempos que estão entre estes dois
tenham sido percebidos. Entretanto é como se a música, e os sons encarnassem a
própria emoção sentida, ou os próprios pensamentos e devaneios dos pensamentos
que ora são assaltados por intuições.
A música não é
neste momento composta de ondas sonoras de diferentes amplitudes, mas torna
parte daquele que ouve, como um tentáculo de sua própria emoção e pensamento,
como parte dele.
Deste modo a
música não é um fenômeno análogo, que flutua no ar e vai em direção aos
ouvintes, mas antes a música é o próprio ouvinte, pois ela mesma acaba por
delinear seus pensamentos, ou ordená-los, ou ainda trazer à tona novos
pensamentos, sentimentos, ou sensações antes obumbradas por sua maneira de
pensar peculiar e costumeira.
A música se
funde com o eu de tal maneira que acaba por se tornar mais um elemento de minha
psique, no momento em que travo contato com ela, é evidente que ela se torna o
elemento preponderante da mente, no entanto ela não é a essência mais profunda
do meu ser, mas constitui um elemento de entendimento e descoberta desta
essência.
Um elemento
tão diferente desenvolvido do processo racional através da retórica que acaba
por ter outros meios de contato com a essência do ser, estes meios são
intuitivos, criativos e sentimentais, estão no entanto, submetidos ao processo
racional, não no momento crucial da vivência musical, somente depois do estado
de letargia extra temporal é que a razão pode travar contato com o que foi
absorvido. ( é pois, absorvido sem que no momento haja necessidade da razão )
Este estilo
musical específico é extremamente aconselhável àqueles que querem travar
contato com os recônditos mais obscurecidos de sua psique, no entanto, é se
necessário um trabalho musical bastante intenso até que se possa por fim
entendê-lo da maneira complexa como ele é constituído e do fim psíquico que ele
têm para com o ser humano.
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