Tuesday, November 5, 2024

27 - A música: parte do “eu”

 

27 - A música: parte do “eu”

 

      De modo efetivo diremos que músicas de caráter repetitivo ou nostálgico, sem um tema preciso ou melodia bem definida são músicas que ativam o psiquismo humano de tal maneira que fazem o sujeito percipiente perder a noção do tempo e do espaço, de modo que auxiliam à ele adentrar-se num rico campo psíquico, neste momento o indivíduo perde a noção de onde se encontra, conseqüentemente não dá importância às coisas que possam se relacionar à isto. Também não percebe o tempo de maneira precisa ou linear, não consegue diferenciar 20 segundos de 5 minutos, entra num estado meditativo.

      Quando dizemos que este sujeito não percebe onde está estamos errados, pois em realidade ele percebe onde está: está em seu próprio mundo psíquico, e é isto que percebe. Não está propriamente no mundo dos fenômenos externos, mas sim num mundo cheio de mistérios e percepções intuitivas que condiz com o mundo mental.

      Este caráter musical têm a mesma função de ser uma faísca que cria o início do processo de transmutação de realidade da percepção externa-interna para a ponderação interna-interna, há momentos em que a música parece perder-se em si mesma, como se não fosse uma sucessão cadenciada de notas colocadas em tempos regulares, mas sim notas que se embaralham de maneira confusa, percebe-se o tempo 1 da música mesclado com o tempo 5 sem que os tempos que estão entre estes dois tenham sido percebidos. Entretanto é como se a música, e os sons encarnassem a própria emoção sentida, ou os próprios pensamentos e devaneios dos pensamentos que ora são assaltados por intuições.

      A música não é neste momento composta de ondas sonoras de diferentes amplitudes, mas torna parte daquele que ouve, como um tentáculo de sua própria emoção e pensamento, como parte dele.

      Deste modo a música não é um fenômeno análogo, que flutua no ar e vai em direção aos ouvintes, mas antes a música é o próprio ouvinte, pois ela mesma acaba por delinear seus pensamentos, ou ordená-los, ou ainda trazer à tona novos pensamentos, sentimentos, ou sensações antes obumbradas por sua maneira de pensar peculiar e costumeira.

      A música se funde com o eu de tal maneira que acaba por se tornar mais um elemento de minha psique, no momento em que travo contato com ela, é evidente que ela se torna o elemento preponderante da mente, no entanto ela não é a essência mais profunda do meu ser, mas constitui um elemento de entendimento e descoberta desta essência.

      Um elemento tão diferente desenvolvido do processo racional através da retórica que acaba por ter outros meios de contato com a essência do ser, estes meios são intuitivos, criativos e sentimentais, estão no entanto, submetidos ao processo racional, não no momento crucial da vivência musical, somente depois do estado de letargia extra temporal é que a razão pode travar contato com o que foi absorvido. ( é pois, absorvido sem que no momento haja necessidade da razão )

      Este estilo musical específico é extremamente aconselhável àqueles que querem travar contato com os recônditos mais obscurecidos de sua psique, no entanto, é se necessário um trabalho musical bastante intenso até que se possa por fim entendê-lo da maneira complexa como ele é constituído e do fim psíquico que ele têm para com o ser humano.

No comments:

Post a Comment

39 - Epílogo

  39 - EPÍLOGO:        A verdade, a verdade é que sempre haverá a necessidade de algo a mais. A vida não se contenta com o pouco que é ofe...