Tuesday, November 5, 2024

16 - Divagações a respeito do sonho e discussão sobre o sentido e a função do mal.

 

16 - Divagações a respeito do sonho e discussão sobre o sentido e a função do mal.

 

      Não se pode querer extirpar o mal como se ele nunca houvesse estado ali, deve-se procurar entendê-lo e conhecê-lo para resolver e harmonizar.

 

Visão noturna do sensitivo

 

A noite hoje está tão bela

Eu amo ver a chuva cair à noite

Iluminada por luzes da rua

Os fios de eletricidade, com pingos

E as folhas verdes das árvores

A noite hoje está tão bela

Se eu pudesse eu seria a própria noite

Para viver este momento eternamente

Ficaria satisfeito até

Se apenas sonhasse que sou a noite

Porque no sonho

No momento em que sonhamos

Achamos que aquilo é real

Então me sonho seria realidade

Enquanto sonhasse

Será que quando estamos despertos

Não estamos sonhando?

Porque acreditamos ser real a realidade

E se porventura acordamos da realidade

Notaremos que foi apenas um sonho

 

      O mal é uma desarmonia, algo ilusório, uma vontade meramente humana, não essencial, o mal é a extrapolação da dúvida humana, falta de caráter e precipitação ignorante. O mal não têm por isto alicerces sólidos ( por mais forte que possa aparentar ) pois se fundamenta na dúvida e na incerteza. Tudo aquilo que se fundamenta na dúvida está fadado a ruir, pois não é absoluto em si, não é profícuo pois o mal traz o mal a quem o pratica pelo simples fato de ele praticar o mal, e não necessariamente por uma resposta má ao mal que praticou.

      Além de se fundamentar na dúvida e incerteza têm como base a ignorância, o desconhecimento das leis e preceitos morais, humanos e divinos. Que Deus, infinitamente bom ensine à todos os seus filhos o caminho do bem, convertendo aqueles espíritos que percrustam inutilmente os caminhos enganosos da erraticidade.

      Ocorre que com a conotação fria, supérflua, destituída de valores morais, sentimentais, religiosos, ideológicos e artísticos em que se situam as verdades “angelicais”, de pureza e santidade, é verdade que há grande distinção entre tristeza, melancolia e o mal, o mal de que falo aqui é destrutivo e não construtivo.

      O mal não pode ser visto no entanto com uma idéia definitiva que ele não possua lá sua razão de ser, pois tudo o que é no mundo algum motivo deve ter para aquilo ser. Isto nos traz a idéia de que o mal possui uma razão de ser, e uma certa justiça para ser daquele jeito tão malévolo, ainda que possa estar atuando de uma maneira pouco drástica, esta atuação se deve justamente por causa de sua ignorância. Dizer que o mal não possui sentimentos seria incorreto quando na verdade borbulham sentimentos dos mais explosivos dentro de si. É mesquinho tentar não enxergar o mal, pois o mal é parte da vida, os sofrimentos são parte do caminho em que estamos, seria patético de uma mesquinhez sem proporções definidas dizer que tudo é bom, de que só existem no mundo belezas, a pessoa que faz isto é aquela que mais está acometida por uma ignorância terrível, talvez seja um medo desconhecido que faça ela crer assim, o medo do mal. Seria estúpido ficar olhando só um lado da vida crendo que o outro é inexistente, pessoas que seguem religiões das mais diverças e crêem que a força do espírito provêm do bem estão muito enganadas, pois é o mal, e as situações desagradáveis, dilemáticas, malévolas, injustas que causam o crescimento poderoso das forças benéficas e santas do espírito. Há uma luta eterna entre as forças do bem e do mal no mundo, isto pode ser visto por todas as culturas, em todos os períodos da humanidade. O mal passa a ser uma peça elementar no entendimento verdadeiro da vida, é uma peça necessária, não podemos ser tão falsos que não são vejamos à isto, o mal está impregnado na arte de maneira tão forte que chega-se a pensar que ele é elemento necessário para a verdadeira força do espírito, força da personalidade, como nota-se nos  na tristeza incomensurável na Sinfonia Fantástica de Hector Berlioz, o que repercute numa força de espírito ilimitada. Quê quer dizer isto? Quê indica isto? Que o mal é necessário para a ascensão do espírito. Assim sendo o mal é ainda mal, mas é o caminho para um bem mais forte ainda que se não se utilizasse deste recurso, pois quem é acometido pelo mal fica mais forte todavia que se assim não tivesse transcorrido. Deste modo ainda que o mal, numa análise rápida e supérflua seja um mal, a longo prazo ele representa a melhor coisa que pode ocorrer, pois fará que a intensidade das forças do espírito sejam avassaladoras, de modo que a força moral se eleva à patamares dos mais incisivos, onde não haverá refutação possível. Quê é da vida sem sofrimento? Sem lágrimas e amarguras? Sem caminhos difíceis e penosos? Quê é? Uma ilusão alegre?  Para resumir este assunto de maneira sucinta proponho interessante poema:

 

Sementes da floresta:

Mal é parte do mundo

Um estúpido à isto não vê

Vive em sua ignorância feliz

Que não é a verdadeira felicidade

Acometido pelo mal estou

Crio forças de meu âmago para à isto superar

Pois isto é parte

Ainda bem que passo pelo tormento

Pois o tormento faz-me mais forte

Que se assim não fosse

Forças de meu espírito

Se elevam de maneira infindável

E quando caído estiver

Quando torpe e terrivelmente dolorido

Brilharão meus olhos

E gritarei até que meus pulmões doam

Crescendo em espírito

É esta a força da vida

É este o bem supremo

Tão arraigado com o sofrimento

Quanto uma floresta que queima

E plorifera sementes

Para novos florescimentos

 

No comments:

Post a Comment

39 - Epílogo

  39 - EPÍLOGO:        A verdade, a verdade é que sempre haverá a necessidade de algo a mais. A vida não se contenta com o pouco que é ofe...