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- Explicação dos “5NPR” sob cada uma das personificações humanas:
Breve
Introdução: Inicialmente gostaria de dizer que as personalidades exemplificadas
estão postas para fins de exemplo, no entanto podem ser substituídas
perfeitamente por outras similares que se adequem às suas características
peculiares, um atleta pode ser um caçador, pedreiro, cavaleiro, guerreiro,
soldado ou índio. Um intelectual pode ser um professor, matemático, contador,
jogador de xadrez, escritor, sábio ou mesmo teólogo já que as categorias se
misturam perigosamente. Um artista pode ser um músico, bailarino, pintor ou
pode ser representado até por um arquiteto que a pesar de metódico tenha certa
liberdade para usufruir de ousada criatividade.
Um intuitivo
não consegui definir qual personalidade se adequaria mais à esta categoria, é
conveniente dizer que representa um meio termo entre o artista e o médium, este
último pode ser representado como um religioso, devoto, brâmane ou um místico
imbuído de intenções e meios ou estados transcendentais.
Sinto muito
pesar em dizer isto, mas o fato é que quanto mais atleta ( maiores as
capacidades, vivências e totalidade da vida pré-ocupada e ocupada com este
âmbito ) mais primitiva é a vivência, pois o físico é o 1o “NCR”, se
bem que isto é o mesmo que dizer que quanto mais apegada a pessoa é à somente
um dos aspectos mais limitada ela é nos outros 4.
No meu
entendimento a experiência dos sentidos físicos ( Tato, paladar, audição,
visão, odor ) é o meio de percepção da realidade mais tosco e primitivo, justo
por isto foi colocado em 1o lugar na escala de progressão.
Reafirma-se
então, que o atleta têm a percepção mais limitada da realidade. No entanto não
estudamos ainda qual é a sua percepção específica das outras quatro
modalidades. Estou desconfiado que a própria divisão proposta é inviável, já
que o ser humano é completo, no entanto poucos são perfeitos e equilibrados
assim, deste modo, para fins de estudo é interessante fazer-se esta suposição
com divisões bem delineadas, ainda que possa parecer um tanto extremista.
I
– ATLETA:
1)FÍSICO-FÍSICO – É óbvio que um atleta precisa de
suas características físicas para desempenhar seu papel durante treinos e
competições, no entanto é notável concluir que a percepção que um médium têm do
físico é totalmente distinta do que a que têm o atleta, este é um dos motivos
que me faz afirmar que a percepção do físico pelo físico é mais primitiva do
que as que se originam de outras fontes. ( Racional, Sentimental, Intuitiva,
Transcendental )
2) FÍSICO-INTELECTUAL- De que maneira um atleta se
utiliza do aspecto racional? O quanto isto é diferente do Intelectual, do
Artista, do Intuitivo ou do Médium? ( Conforme na tabela comparativa ) É
evidente que faz isto sem muitas abstrações, nem termos subjetivos, mas sim com
aspectos práticos e sensórios. Precisa saber jogadas específicas, entender
formações, táticas, regras do jogo, entender sinais de comunicação do árbitro e
do técnico. ( Não nos esqueçamos que este atleta pode acabar o jogo de futebol e
ir às suas aulas de química ou retórica, sendo um ser humano de dual capacidade
de entendimento do mundo )
3)FÍSICO-SENTIMENTAL – Até que ponto um atleta é um
artista? Podemos dizer que uma jogada é tanto genial quanto bela. Assim
relacionamos o intelecto que a criou. Só será bela no entanto se acaso o atleta
teve esta intenção, pois não adianta um espectador dizer que foi uma obra de
arte determinada jogada sem que o jogador tivesse a intenção de criar algo
belo, diferente e artístico.
Qual é o
artista que faz art sem querer? Sem a intenção. Esta nossa concepção é
aplicada porque a essência de algo é colocada na intenção e não no resultado.
Se o corredor se vestiu de palhaço ou super homem e saiu cantarolando e
versando poemas numa maratona, certamente estava imbuído de intenções
artísticas, assim pode mais facilmente ocasionar um resultado emotivo. A emoção
é mais vinculada à arte que ao físico, ainda que um esforço extremo possa
ser motivo de uma efervescência dos aspectos psíquicos, dando um caráter
sentimental ao movimento.
4)FÍSICO-INTUITIVO- Meio termo entre o
sentimento a transcendência, já ouvi
muitos dizerem que as idéias surgem melhor quando dá uma volta para espairecer
a cabeça, arejar um pouco, andar por aí. Temos nosso exemplo inicial colocado sobre
o intelectual que anda de um lado para o outro. ( Tópico: Sobre o movimento ),
diríamos que o movimento favorece nos processos intuitivos. Talvez em muito
menor intensidade que o homem que é propriamente um intelectual, pois o atleta
não têm subsídios teóricos ou ferramentas que o capacitam à um trabalho mental
absolutamente abstrato.
A intuição
é o fermento do intelecto: Como podemos dizer então que um atleta pode ser
intuitivo se não têm subsídios ou ninho para fazer pousar este pequenino e
fugaz pássaro que se chama intuição? Termino esta parte com esta pergunta
fatal e reveladora ao mesmo tempo.
5)FÍSICO-TRANSCENDENTAL – O atleta é aquele que
mais se afasta de um conceito filosófico da religião mais elaborado e complexo,
pois é mais apegado à percepção dos sentidos. Por isto ou ele é ateu ou um
crente fundamentado em dogmas. Ou ele diz: - Só acredito vendo! – Ou aceita as
verdades divinas que não devem ser refutadas sem quaisquer discordância ou
revolta conceitual. Os alicerces principais para a transcendência são o
sentimento e a intuição. Os atletas ( fazendo uma analogia com os intelectuais
) chegam ao êxtase sentimental através de um processo de inflamação que se
inicia no corpo e termina na psique, enquanto que os intelectuais chegam ao
sentimento iniciando na psique e num desenvolvimento intelectivo que leva em
consideração o sentido das coisas, relações inter-pessoais, conceitos e idéias
que acabam também na psique.
Para se chegar
à transcendência o mesmo processo se inicia através do físico, passando pelos
intelecto, sentimento e findando na transcendência. O que é mais difícil porque
o caminho é mais longo e porque as “ferramentas de trabalho” são mais
limitadas.
Insisto em
dizer ao leitor que estamos dando exemplos extremos, para fins de estudo, é
certo que cad um de nós têm níveis variados de cada uma dos “5 NPR” podendo ter
duas ou mais muito desenvolvidas.
II
– INTELECTUAL:
1)RACIONAL-FÍSICO – Falamos aqui do escritor ou do
leitor ávido de conhecimentos, que irá fazer sua corridinha no parque, de
início é viável crer que não será provavelmente um corredor de elite, já que
grande parte de seu tempo é despendida em atividades de caráter intelectivo. A
corrida pode não ser muito intensa fisicamente falando, no entanto a percepção
racional da corrida será mais ampla que a do próprio atleta, percepção esta que
envolve lembranças, conceitos, vivências, teorias e pensamentos. Por isto sua
experiência de corrida é completamente distinta da que têm o atleta.
Sua maior
facilidade em tornar o mundo que o circunda e a si mesmo em concepções
abstratas análogas ao mundo dos sentidos proporciona um passo à frente na
criação de um mondo interno mais rico em detalhes, o que propicia maior
facilidade no surgimento e até na fundação de uma aplicação de vivência
integral à corrida.
2)RACIONAL-RACIONAL – Como o intelectual vivencia
sua própria capacidade intelectiva? De quê modo um problema de matemática
poderia ser transposto se não deste? Este é o processo de entendimento da
realidade que não depende ( E que muitas vezes nem chega a entrar em contato )
da experiência prática. A teologia por exemplo funciona assim, a matemática,
física, química e até a dialética são processos de abstração da realidade que
nos dão subsídios a continuar com um processo de entendimento cada vez mais
complexo desta mesma realidade, até chegarmos num ponto que só pela prática
seria impossível.
Um conto de
caráter metafísico é mais abstrato que
um conto que retrate uma trama de amor e seus vários acontecimentos de caráter
“prático” desta história, ou mesmo um conto burlesco. Existem níveis diversos
de abstração, o racional pelo racional é este trabalho que a mente empenha
por si mesma para explicar e entender a realidade, vivenciando-a, pois o
trabalho intelectual também é uma vivência. ( Imprescindível ressaltar este
aspecto: A mente por si, dentro de si também é uma experiência de realidade,
pois o mundo interno também é real. )
Até mesmo a
corrida, neste momento passa à um novo patamar, quando entendemos que aquilo
que antes era uma experiência dos sentidos passou a ser também um termo, um
conceito completamente abstrato, e passa a ser “remoído” internamente mudando
sempre seu caráter através da especulação intelectiva. ( É o que fazemos aqui )
3)RACIONAL-SENTIMENTAL – A razão e o
desenvolvimento geral do intelecto são um passo para o desenvolvimento e
inflamação dos sentimentos, pode-se dizer que é um meio ou caminho para aí se
chegar ( assim como foi dito que o corpo é também outro caminho ). O que seria
estranho é seguir o caminho reverso, indo da arte à razão, mas este assunto
será visto mais adiante.
Assim, é mais
um meio que o maratonista, que é também um intelectual, têm para trazer à tona
seus sentimentos, ainda que ele não leve as suas capacidades físicas tão ao
extremo quanto o atleta. Ocorre que o sentimento é desenvolvido por um ato de
raciocínio, supostamente um raciocínio mais complexo trará um sentimento
igualmente mais complexo.
No entanto não
há a possibilidade de chegar-se aos sentimentos com raciocínios matemáticos ou
de química, somente pela sensação de satisfação que advém de uma heróica
resolução de grandes equações. Uma meta atingida é um termo abstrato que partiu
de uma vontade preliminar, uma idéia colocada a partir de valores, portanto
racional. Por isto o raciocínio é necessário tanto à melhor compreensão das
diversas emoções como um fator preponderante ao surgimento delas.
Não obstante o
raciocínio dos sentimentos funciona até certo ponto através da linguagem
idiomática, passando esta zona limítrofe não se entende a emoção com
especificidade, por isto os sentimentos estão colocados num nível mais elevado
que o raciocínio e não no mesmo.
Uma das
funções de um livro, além de jogar com o intelecto e brincar com os neurônios é
fazer emocionar.
4)INTELECTUAL-INTUITIVO – Como já dito a intuição é
um pássaro fugaz que se aninha somente onde haja um ambiente intelectual
propício. Ora, se assim é, certo seria afirmar que mais intuitivos podem ser os
intelectuais que os atletas, ou ao menos o acometimento de intuições seria mais
freqüente naqueles que desenvolvessem o lugar onde a intuição se dá: A mente.
5)INTELECTUAL-TRANSCENDENTAL – O julgamento que
faço desta vertente particularmente é negativo, pois o estado de transcendência
já foi discutido anteriormente como o caso do médium, é irrisóriamente cabível
conceber que o médium chega à um “estado transcendente” muito mais facilmente
que os outros 4, mesmo que para isto ele ainda se utilize destes 4. Desta mesma
maneira ocorre, porém no processo inverso: o intelectual antes de experimentar
a transcendência deve entendê-la racionalmente. ( Do contrário não conseguiria
efetivamente senti-la ) Para isto ele se utiliza de todos os recursos que
dispõe: filosofia, teologia, física, psicologia, parapsicologia.
É, por
exemplo, mais difícil que um intelectual aceite um dogma ou verdade mística que
um atleta ou um médium. Poderíamos classificar isto como um empecilho à
conquista do transcendental, e efetivamente é, pois dogmas e verdades místicas
ajudam no processo de transcendência por darem ao indivíduo uma percepção
divina do mundo que o cerca.
Não por isto o
fato do sujeito ser um intelectual o impeça de propor uma visão espiritual do
mundo, no entanto ao seu modo.
III
– ARTISTA:
1)SENTIMENTAL-FÍSICO – Os sentimentos são a
inflamação da alma humana, o que faz alguém realmente humano é a sensibilidade
sentimental desenvolvida através de uma vivência dentro da arte enquanto
criador. Sentimento: Grande alavanca que faz mover à tudo com grande
imponência reverberação. É mais que
evidente a influência dos sentimentos no movimento humano. O levantador de
pesos se inflama de raiva antes de executar seus movimentos, e no momento
crucial grita como um animal em uma explosão psíquica muito forte. O
maratonista no momento em que suas energias se esvaíram busca da mente e mais
além da mente: do coração, um sentimento de vitória, coragem e aventura o
inunda fazendo possível completar o percurso tão extenso e dificultoso.
Os sentimentos
influenciam totalmente na capacidade de movimento, resistência e força no ser
humano. Não quero me ater aqui à aspectos fisiológicos desta questão. Quem pode
conter os ímpetos sentimentais de uma pessoa com elucidações das mais
laboriosas intermitências retóricas? Ou seja: Fundamentadas num sentido pleno,
sincero, calcada num fundamento sólido e certo. A essência da atividade física,
o que lhe confere razão de ser, sentido, vida e glória é a arte. A arte
completa e preenche as coisas em geral de tal maneira que acaba por doar
sangue, coração, pulsação à algo que antes parecia morto.
Não em si a
arte mas os sentimentos que são provenientes dela. Os eventos esportivos como
por exemplo as olimpíadas, quando preenchidos por música, danças, desfiles
ficam emocionantes, cheios de alegria, tristeza, amor, vida, esperança, paz,
etc...
Não é
necessário dizer à quem já correu uma maratona que no momento em que afloram os
sentimentos no coração, a esperança, uma nova força invade o corpo de maneira
extraordinária o corredor supera a si mesmo, soerguendo uma vontade que parecia
derrotada.
A arte
expressa sentimentos, mas também pode sensibilizar as pessoas de tal maneira
que a definiriamos também como a causadora de sentimentos, além de ser a
expressão pode ser a causa, por isto podemos entender que haja uma transmissão
de sentimentos, no entanto não creio que o termo mais adequado aqui seja
transmissão de sentimentos, pois estes são relacionados com conceitos de
formação pessoal que são respectivamente peculiares à cada pessoa, por isto
cada um interpreta à sua maneira uma mesma obra artística, e ainda pode se
supor que as pessoas sendo portadoras de diferentes conceitos pessoais podem
ser acometidas por diferentes sensações e sentimentos quando expostas à uma
única obra, isto pode chegar à tal ponto que nos deparemos com sentimentos
antagonistas numa só obra.
Há a idéia que
colocamos em pauta anteriormente: Pode-se fazer arte de algo essencialmente não
artístico, como no exemplo do “craque” que sem a intenção fez uma jogada que na
opinião e interpretação de outra pessoa foi considerado como belo, e
artisticamente criativo, na visão daquele que interpreta é correto dizer que
aquilo é arte, mas não na intenção do jogador. Ou seja: uma obra de arte é
preenchida pela intenção do criados, também pode receber valor pela opinião de
outros que não são o criados.
A arte só é
arte quando considerada como tal, mesmo que para uns não o seja.
2)SENTIMENTAL-RACIONAL – A arte se enquadra muitas
vezes num processo metódico e organizacional que lhe concede maior harmonia,
beleza e perfeição não tirando sua singularidade e personalidade, que a fazem
distinta e inaudita. Não perdendo em criatividade ou liberdade o artista
enquadra sua obra num processo de organização que dá à sua obra a completude
necessária.
Desta mesma
maneira os próprios sentimentos estão de certa forma submetidos ao crivo da
razão, que constantemente procura explicá-los e entendê-los. No entanto vejo
como impossível através dos sentimentos chegar-se à razão, já que a organização
intelectiva é algo que fecunda os sentimentos, por isto não pode ocorrer o
processo inverso.
3)SENTIMENTAL-SENTIMENTAL – É uma coisa muito
forte, a interpretação sentimento através do
próprio sentimento. A dificuldade da humanidade recai especificamente
sobre este aspecto. Uma pessoa pode entender outra que está expressando
sentimentos utilizando seu lado racional, o que seria racional-sentimental. No
entanto aqui o sentimento é transmitido diretamente: “coração à coração”, não é
necessário entender nada por explanações, explicações ou elucidações, os
sentimentos são transmitidos de tal maneira que chegam de maneira
extraordinariamente eficaz ao campo sentimental da outra pessoa. As pessoas
são obras de arte vivas, e as obras de arte são pessoas, porque a vida é
inflamação de espírito.
Brilho nos
olhos, maneira de falar, de se mover, de expressão facial, formato do rosto, do
corpo. Tudo pode ser visto como arte. A pergunta é: Acaso o sentimento pode ou
não ser transmitido? Pois é algo que depende de valores pessoais, como cada
pessoa possui valores diferentes entende-se que a interpretação de uma mesma
obra de arte, ou de uma pessoa que expressa seus sentimentos é diferente para
cada um.
Como estes
valores pessoais ( Moral, idéias, valores estéticos e políticos ) são
delineados em grande parte pela cultura, é viável afirmar que diferentes
contingentes culturais possuem uma interpretação da arte e dos sentimentos
similar.
Assim, mesmo
que hajam pequenas diferenças pessoais é certo que dentro de um mesmo grupo a
interpretação, entendimento e sensibilização será muito similar. Portanto, há
pessoas que não conseguem entender determinados sentimentos porque não foram
educadas para isto, ou não cresceram na cultura que proporciona o subsídio para
que ela entendesse este sentimento.
No entanto,
este apartado não fala de entender sentimento senão senti-lo diretamente no
momento em que está sendo expresso, seja por uma pessoa ou através de uma obra
de arte. Como recalcitramos antes que o entendimento depende de valores
culturais seria condizente dizer que uma pessoa não entenderia sentimentos de
outra cultura, no entanto em se falando de sentimento-sentimento não passamos
pelo processo de entender senão de sentir de maneira direta.
Assim: Existem
valores humanos sentimentais que independem da cultura. Estes podem ser
assimilados diretamente sem o processo racional de interpretação.
É importante
reforçar que estamos falando sobre os 5 tipos de ferramentas para a
interpretação da realidade, não defendo particularmente a tese de que um
sentimento possa ser compreendido em toda sua plenitude, somente quando
sentido, ou uma idéia possa ser entendida somente quando interpretada por um
entendimento racional, ou mesmo uma vivência motora para ser entendida e
sentida somente através desta vivência. Isto porque há uma inter-relação
entre todos estes aspectos, de modo que a realidade pode ser vivenciada com a
utilização de outros meios que não seja o seu em específico. Do contrário
não seria necessário colocar tantos tópicos nesta luta que estamos empreendendo
para descobrir como o homem entende e vivencia o mundo. Colocaríamos
erroneamente somente as categorias ambivalentes: Físico-Físico,
Racional-Racional, Sentimental-Sentimental e Transcendental-Transcendental.
4)SENTIMENTAL-INTUITIVO – Os meios mais
propícios para que haja um “surto”, lapso ou insight de intuição são a razão e
a emoção. É na arte que se encontram os exemplos mais marcantes e evidentes
de intuição e subseqüente criatividade. Os sentimentos estão ainda mais
próximos da intuição que a razão porque não exigem um veículo de linguagem
específico nem conclusão de verdades lógicas. Por isto, o artista têm mais
facilidade que o intelectual de ser acometido por surtos intuitivos.
No entanto a
intuição é apenas o primeiro passo para uma criação complexa e laboriosamente
desenvolvida, o que se faz necessário para isto além da intuição é o método,
organização, delimitação, definição de objetivos e metas, que são aspectos
exclusivamente pertencentes à razão e ao intelectual.
Assim, é fácil
que um artista, por mais facilidade que tenha em inundar-se de intuições
perca-se perigosamente num mundo desorganizado, se acaso faltar-lhe razão.
Entretanto o tem base desta vertente é a interpretação da intuição através dos
sentimentos: A intuição não é algo que possa ser interpretado ou entendido
pelos processos racionais ( Como já foi visto no tópico: “Do não é ao é” ), por
isto os sentimentos captam a intuição antes que a razão possa começar eu
trabalho de entendimento. Na prática isto condiz com um artista enternecido em
lágrimas sem saber exatamente o por quê. O processo intuitivo é uma realidade
análoga ao entendimento da razão mas clara ao coração, chora porque seu campo
sentimental vivenciou a intuição.
5)SENTIMENTAL-TRANSCENDENTAL – Representa o devoto
que utiliza a emoção como vínculo e meio de chegar à Deus, às verdades divinas
e ao estado de transcendência psíquica. É certo que a chamada “Santa
indiferença” nos traz a idéia de que para elevar-se ao estado de divinização
não são necessárias emoções fortes, nem positivas nem negativas, o que nos
reporta a idéia de um estado indiferente ao mundo, no entanto as emoções
constituem um dos métodos para a busca do transcendente.
Não obstante,
as emoções, quando aproximadas à verdade espiritual são consideradas como
distorção, apegos, exageros e realidades limitadas. Isto explica a “Santa
indiferença” e nos faz concluir que para atinjir as vrdades espirituais as
emoções podem, a pesar de constituírem um meio, não serem o mais adequado mas
sim o transcendental-transcendental. ( Que traduz a “Santa indiferença”)
IV
– Intuitivo ( Não definido )
SOBRE A INTUIÇÃO – O que seria uma personificação
intuitiva não pode existir porque a intuição, ao contrário do físico, razão,
emoção e transcendência não constitui uma ferramenta de percepção da realidade
delineada de maneira fixa, mas sim algo vazio e nulo que existe somente em
potencial ( Conforme visto no esboço ). Por isto a intuição não pode
personificar uma pessoa. Dir-se-á que ela é comumente acometida por intuição,
no entanto a intuição só existe onde haja um meio que a suscite, traga e
faça dar luz. É como dizer que uma cultura de fungos só nascerá donde haja
um local e uma temperatura adequada para isto.
Assim, têm-se
que os processos intuitivos iniciam sim da intuição, mas já com outro
componente que a receba ( Seja físico, racional, sentimental ou transcendental
) De modo sucinto, espero que o leitor compreenda, a única coisa que quero
dizer é que a intuição não existe, ou para melhor expressar: a
intuição é o círculo de todas as nossas potencialidades não descobertas.
Antes de
ser coisa intuída a intuição é a
ferramenta que faz vir à tona o que antes estava em um campo potencial latente.
Acabei por me contrariar, pois a intuição existe, é como uma vara de pescar que
aparece de repente e logo some.
Os intuitivos
são os astrólogos, cartomandes, magos, bruxas, feiticeiros, etc... O que ocorre
é que não podemos conceber que a pessoa tenha uma intuição à partir de uma
idéia, mas sim que teve uma idéia à partir de uma intuição.
O que pode se
confundir é que a pessoa após ter uma intuição irá desenvolver no campo das
idéias uma criação que se utiliza dos subsídios intelectuais de que já dispõe,
por isto não existem idéias que partem propriamente do nada mas sim de
recursos e informações já disponíveis.
Toda a bagagem
cultural existente se transforma, relaciona, muda de cor quando acometida pelo
insight intuitivo, de modo que o que antes era de um jeito fica com nova
formatação, parecendo algo novo e inaldito. ( Mesmo que não o seja exatamente )
Se a intuição
não personifica o homem por não ser uma qualidade permanente, qual seria a
personificação de alguém como um cartomande? Acabei de forma patética de
colocar-me num beco, caso continuemos esta teoria não haverá saída. Para isto
estamos filosofando, talvez a melhor saída seja dizer que a intuição pode
personificar o homem, mesmo que isto contrarie algumas regras anteriores.
Busquei esta
saída quando pensei que o cartomande explica suas intuições visionárias com um
processo intelectivo, o que significa dizer que interpreta a intuição
utilizando-se da razão para perceber esta realidade. ( O que é justamente a
RAZÃO-INTUIÇÃO )
Mas que
barbaridade! Acabei por cair no mesmo erro, pois o que se procura é justamente
o revés. O revés se passa quando alguém ouve uma obra musical, e curiosamente é
invadido por idéias inovadoras, porque a obra lhe propiciou o material adequado
à tal ocorrência. Pode-se dizer que ele interpretou aquela obra de arte de
maneira intuitiva? Teríamos uma INTUIÇÃO-SENTIMENTO ? ( Ou seja: Uma
interpretação da arte pela intuição. )
Sustento uma
opinião retrógrada com relação à esta ocorrência, pois a intuição não
interpretou a música senão utilizou-se dela para criar uma nova idéia. No mundo
intuitivo interpretar significa mudar, transformar e criar, e não simplesmente
entender algo que já exista. Ainda que o que foi criado seja algo real.
Este tema é
demasiado difícil de se desenvolver, entramos em muitas contravenções e por fim
defini-se que o vínculo que a intuição têm com o homem é algo à parte, que
interpreta de uma maneira muito especial, ininteligível. Talvez por isto tenha
sido tão difícil recair neste campo.
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