Tuesday, November 5, 2024

33 - Explicação dos “5NPR” sob cada uma das personificações humanas:

 

33 - Explicação dos “5NPR” sob cada uma das personificações humanas:

 

      Breve Introdução: Inicialmente gostaria de dizer que as personalidades exemplificadas estão postas para fins de exemplo, no entanto podem ser substituídas perfeitamente por outras similares que se adequem às suas características peculiares, um atleta pode ser um caçador, pedreiro, cavaleiro, guerreiro, soldado ou índio. Um intelectual pode ser um professor, matemático, contador, jogador de xadrez, escritor, sábio ou mesmo teólogo já que as categorias se misturam perigosamente. Um artista pode ser um músico, bailarino, pintor ou pode ser representado até por um arquiteto que a pesar de metódico tenha certa liberdade para usufruir de ousada criatividade.

      Um intuitivo não consegui definir qual personalidade se adequaria mais à esta categoria, é conveniente dizer que representa um meio termo entre o artista e o médium, este último pode ser representado como um religioso, devoto, brâmane ou um místico imbuído de intenções e meios ou estados transcendentais.

      Sinto muito pesar em dizer isto, mas o fato é que quanto mais atleta ( maiores as capacidades, vivências e totalidade da vida pré-ocupada e ocupada com este âmbito ) mais primitiva é a vivência, pois o físico é o 1o “NCR”, se bem que isto é o mesmo que dizer que quanto mais apegada a pessoa é à somente um dos aspectos mais limitada ela é nos outros 4.

      No meu entendimento a experiência dos sentidos físicos ( Tato, paladar, audição, visão, odor ) é o meio de percepção da realidade mais tosco e primitivo, justo por isto foi colocado em 1o lugar na escala de progressão.

      Reafirma-se então, que o atleta têm a percepção mais limitada da realidade. No entanto não estudamos ainda qual é a sua percepção específica das outras quatro modalidades. Estou desconfiado que a própria divisão proposta é inviável, já que o ser humano é completo, no entanto poucos são perfeitos e equilibrados assim, deste modo, para fins de estudo é interessante fazer-se esta suposição com divisões bem delineadas, ainda que possa parecer um tanto extremista.

 

I – ATLETA:

1)FÍSICO-FÍSICO – É óbvio que um atleta precisa de suas características físicas para desempenhar seu papel durante treinos e competições, no entanto é notável concluir que a percepção que um médium têm do físico é totalmente distinta do que a que têm o atleta, este é um dos motivos que me faz afirmar que a percepção do físico pelo físico é mais primitiva do que as que se originam de outras fontes. ( Racional, Sentimental, Intuitiva, Transcendental )

2) FÍSICO-INTELECTUAL- De que maneira um atleta se utiliza do aspecto racional? O quanto isto é diferente do Intelectual, do Artista, do Intuitivo ou do Médium? ( Conforme na tabela comparativa ) É evidente que faz isto sem muitas abstrações, nem termos subjetivos, mas sim com aspectos práticos e sensórios. Precisa saber jogadas específicas, entender formações, táticas, regras do jogo, entender sinais de comunicação do árbitro e do técnico. ( Não nos esqueçamos que este atleta pode acabar o jogo de futebol e ir às suas aulas de química ou retórica, sendo um ser humano de dual capacidade de entendimento do mundo )

3)FÍSICO-SENTIMENTAL – Até que ponto um atleta é um artista? Podemos dizer que uma jogada é tanto genial quanto bela. Assim relacionamos o intelecto que a criou. Só será bela no entanto se acaso o atleta teve esta intenção, pois não adianta um espectador dizer que foi uma obra de arte determinada jogada sem que o jogador tivesse a intenção de criar algo belo, diferente e artístico.

      Qual é o artista que faz art sem querer? Sem a intenção. Esta nossa concepção é aplicada porque a essência de algo é colocada na intenção e não no resultado. Se o corredor se vestiu de palhaço ou super homem e saiu cantarolando e versando poemas numa maratona, certamente estava imbuído de intenções artísticas, assim pode mais facilmente ocasionar um resultado emotivo. A emoção é mais vinculada à arte que ao físico, ainda que um esforço extremo possa ser motivo de uma efervescência dos aspectos psíquicos, dando um caráter sentimental ao movimento.  

4)FÍSICO-INTUITIVO- Meio termo entre o sentimento  a transcendência, já ouvi muitos dizerem que as idéias surgem melhor quando dá uma volta para espairecer a cabeça, arejar um pouco, andar por aí. Temos nosso exemplo inicial colocado sobre o intelectual que anda de um lado para o outro. ( Tópico: Sobre o movimento ), diríamos que o movimento favorece nos processos intuitivos. Talvez em muito menor intensidade que o homem que é propriamente um intelectual, pois o atleta não têm subsídios teóricos ou ferramentas que o capacitam à um trabalho mental absolutamente abstrato.

      A intuição é o fermento do intelecto: Como podemos dizer então que um atleta pode ser intuitivo se não têm subsídios ou ninho para fazer pousar este pequenino e fugaz pássaro que se chama intuição? Termino esta parte com esta pergunta fatal e reveladora ao mesmo tempo.

5)FÍSICO-TRANSCENDENTAL – O atleta é aquele que mais se afasta de um conceito filosófico da religião mais elaborado e complexo, pois é mais apegado à percepção dos sentidos. Por isto ou ele é ateu ou um crente fundamentado em dogmas. Ou ele diz: - Só acredito vendo! – Ou aceita as verdades divinas que não devem ser refutadas sem quaisquer discordância ou revolta conceitual. Os alicerces principais para a transcendência são o sentimento e a intuição. Os atletas ( fazendo uma analogia com os intelectuais ) chegam ao êxtase sentimental através de um processo de inflamação que se inicia no corpo e termina na psique, enquanto que os intelectuais chegam ao sentimento iniciando na psique e num desenvolvimento intelectivo que leva em consideração o sentido das coisas, relações inter-pessoais, conceitos e idéias que acabam também na psique.

      Para se chegar à transcendência o mesmo processo se inicia através do físico, passando pelos intelecto, sentimento e findando na transcendência. O que é mais difícil porque o caminho é mais longo e porque as “ferramentas de trabalho” são mais limitadas.

      Insisto em dizer ao leitor que estamos dando exemplos extremos, para fins de estudo, é certo que cad um de nós têm níveis variados de cada uma dos “5 NPR” podendo ter duas ou mais muito desenvolvidas.

 

II – INTELECTUAL:

 

1)RACIONAL-FÍSICO – Falamos aqui do escritor ou do leitor ávido de conhecimentos, que irá fazer sua corridinha no parque, de início é viável crer que não será provavelmente um corredor de elite, já que grande parte de seu tempo é despendida em atividades de caráter intelectivo. A corrida pode não ser muito intensa fisicamente falando, no entanto a percepção racional da corrida será mais ampla que a do próprio atleta, percepção esta que envolve lembranças, conceitos, vivências, teorias e pensamentos. Por isto sua experiência de corrida é completamente distinta da que têm o atleta.

      Sua maior facilidade em tornar o mundo que o circunda e a si mesmo em concepções abstratas análogas ao mundo dos sentidos proporciona um passo à frente na criação de um mondo interno mais rico em detalhes, o que propicia maior facilidade no surgimento e até na fundação de uma aplicação de vivência integral à corrida.

2)RACIONAL-RACIONAL – Como o intelectual vivencia sua própria capacidade intelectiva? De quê modo um problema de matemática poderia ser transposto se não deste? Este é o processo de entendimento da realidade que não depende ( E que muitas vezes nem chega a entrar em contato ) da experiência prática. A teologia por exemplo funciona assim, a matemática, física, química e até a dialética são processos de abstração da realidade que nos dão subsídios a continuar com um processo de entendimento cada vez mais complexo desta mesma realidade, até chegarmos num ponto que só pela prática seria impossível.

      Um conto de caráter metafísico é mais abstrato  que um conto que retrate uma trama de amor e seus vários acontecimentos de caráter “prático” desta história, ou mesmo um conto burlesco. Existem níveis diversos de abstração, o racional pelo racional é este trabalho que a mente empenha por si mesma para explicar e entender a realidade, vivenciando-a, pois o trabalho intelectual também é uma vivência. ( Imprescindível ressaltar este aspecto: A mente por si, dentro de si também é uma experiência de realidade, pois o mundo interno também é real. )

      Até mesmo a corrida, neste momento passa à um novo patamar, quando entendemos que aquilo que antes era uma experiência dos sentidos passou a ser também um termo, um conceito completamente abstrato, e passa a ser “remoído” internamente mudando sempre seu caráter através da especulação intelectiva. ( É o que fazemos aqui )

3)RACIONAL-SENTIMENTAL – A razão e o desenvolvimento geral do intelecto são um passo para o desenvolvimento e inflamação dos sentimentos, pode-se dizer que é um meio ou caminho para aí se chegar ( assim como foi dito que o corpo é também outro caminho ). O que seria estranho é seguir o caminho reverso, indo da arte à razão, mas este assunto será visto mais adiante.

      Assim, é mais um meio que o maratonista, que é também um intelectual, têm para trazer à tona seus sentimentos, ainda que ele não leve as suas capacidades físicas tão ao extremo quanto o atleta. Ocorre que o sentimento é desenvolvido por um ato de raciocínio, supostamente um raciocínio mais complexo trará um sentimento igualmente mais complexo.

      No entanto não há a possibilidade de chegar-se aos sentimentos com raciocínios matemáticos ou de química, somente pela sensação de satisfação que advém de uma heróica resolução de grandes equações. Uma meta atingida é um termo abstrato que partiu de uma vontade preliminar, uma idéia colocada a partir de valores, portanto racional. Por isto o raciocínio é necessário tanto à melhor compreensão das diversas emoções como um fator preponderante ao surgimento delas.

      Não obstante o raciocínio dos sentimentos funciona até certo ponto através da linguagem idiomática, passando esta zona limítrofe não se entende a emoção com especificidade, por isto os sentimentos estão colocados num nível mais elevado que o raciocínio e não no mesmo.

      Uma das funções de um livro, além de jogar com o intelecto e brincar com os neurônios é fazer emocionar.

4)INTELECTUAL-INTUITIVO – Como já dito a intuição é um pássaro fugaz que se aninha somente onde haja um ambiente intelectual propício. Ora, se assim é, certo seria afirmar que mais intuitivos podem ser os intelectuais que os atletas, ou ao menos o acometimento de intuições seria mais freqüente naqueles que desenvolvessem o lugar onde a intuição se dá: A mente.

5)INTELECTUAL-TRANSCENDENTAL – O julgamento que faço desta vertente particularmente é negativo, pois o estado de transcendência já foi discutido anteriormente como o caso do médium, é irrisóriamente cabível conceber que o médium chega à um “estado transcendente” muito mais facilmente que os outros 4, mesmo que para isto ele ainda se utilize destes 4. Desta mesma maneira ocorre, porém no processo inverso: o intelectual antes de experimentar a transcendência deve entendê-la racionalmente. ( Do contrário não conseguiria efetivamente senti-la ) Para isto ele se utiliza de todos os recursos que dispõe: filosofia, teologia, física, psicologia, parapsicologia.

      É, por exemplo, mais difícil que um intelectual aceite um dogma ou verdade mística que um atleta ou um médium. Poderíamos classificar isto como um empecilho à conquista do transcendental, e efetivamente é, pois dogmas e verdades místicas ajudam no processo de transcendência por darem ao indivíduo uma percepção divina do mundo que o cerca.

      Não por isto o fato do sujeito ser um intelectual o impeça de propor uma visão espiritual do mundo, no entanto ao seu modo.

 

III – ARTISTA:

 

1)SENTIMENTAL-FÍSICO – Os sentimentos são a inflamação da alma humana, o que faz alguém realmente humano é a sensibilidade sentimental desenvolvida através de uma vivência dentro da arte enquanto criador. Sentimento: Grande alavanca que faz mover à tudo com grande imponência  reverberação. É mais que evidente a influência dos sentimentos no movimento humano. O levantador de pesos se inflama de raiva antes de executar seus movimentos, e no momento crucial grita como um animal em uma explosão psíquica muito forte. O maratonista no momento em que suas energias se esvaíram busca da mente e mais além da mente: do coração, um sentimento de vitória, coragem e aventura o inunda fazendo possível completar o percurso tão extenso e dificultoso.

      Os sentimentos influenciam totalmente na capacidade de movimento, resistência e força no ser humano. Não quero me ater aqui à aspectos fisiológicos desta questão. Quem pode conter os ímpetos sentimentais de uma pessoa com elucidações das mais laboriosas intermitências retóricas? Ou seja: Fundamentadas num sentido pleno, sincero, calcada num fundamento sólido e certo. A essência da atividade física, o que lhe confere razão de ser, sentido, vida e glória é a arte. A arte completa e preenche as coisas em geral de tal maneira que acaba por doar sangue, coração, pulsação à algo que antes parecia morto.

      Não em si a arte mas os sentimentos que são provenientes dela. Os eventos esportivos como por exemplo as olimpíadas, quando preenchidos por música, danças, desfiles ficam emocionantes, cheios de alegria, tristeza, amor, vida, esperança, paz, etc...

      Não é necessário dizer à quem já correu uma maratona que no momento em que afloram os sentimentos no coração, a esperança, uma nova força invade o corpo de maneira extraordinária o corredor supera a si mesmo, soerguendo uma vontade que parecia derrotada.

      A arte expressa sentimentos, mas também pode sensibilizar as pessoas de tal maneira que a definiriamos também como a causadora de sentimentos, além de ser a expressão pode ser a causa, por isto podemos entender que haja uma transmissão de sentimentos, no entanto não creio que o termo mais adequado aqui seja transmissão de sentimentos, pois estes são relacionados com conceitos de formação pessoal que são respectivamente peculiares à cada pessoa, por isto cada um interpreta à sua maneira uma mesma obra artística, e ainda pode se supor que as pessoas sendo portadoras de diferentes conceitos pessoais podem ser acometidas por diferentes sensações e sentimentos quando expostas à uma única obra, isto pode chegar à tal ponto que nos deparemos com sentimentos antagonistas numa só obra.

      Há a idéia que colocamos em pauta anteriormente: Pode-se fazer arte de algo essencialmente não artístico, como no exemplo do “craque” que sem a intenção fez uma jogada que na opinião e interpretação de outra pessoa foi considerado como belo, e artisticamente criativo, na visão daquele que interpreta é correto dizer que aquilo é arte, mas não na intenção do jogador. Ou seja: uma obra de arte é preenchida pela intenção do criados, também pode receber valor pela opinião de outros que não são o criados.

      A arte só é arte quando considerada como tal, mesmo que para uns não o seja.

2)SENTIMENTAL-RACIONAL – A arte se enquadra muitas vezes num processo metódico e organizacional que lhe concede maior harmonia, beleza e perfeição não tirando sua singularidade e personalidade, que a fazem distinta e inaudita. Não perdendo em criatividade ou liberdade o artista enquadra sua obra num processo de organização que dá à sua obra a completude necessária.

      Desta mesma maneira os próprios sentimentos estão de certa forma submetidos ao crivo da razão, que constantemente procura explicá-los e entendê-los. No entanto vejo como impossível através dos sentimentos chegar-se à razão, já que a organização intelectiva é algo que fecunda os sentimentos, por isto não pode ocorrer o processo inverso.

3)SENTIMENTAL-SENTIMENTAL – É uma coisa muito forte, a interpretação sentimento através do  próprio sentimento. A dificuldade da humanidade recai especificamente sobre este aspecto. Uma pessoa pode entender outra que está expressando sentimentos utilizando seu lado racional, o que seria racional-sentimental. No entanto aqui o sentimento é transmitido diretamente: “coração à coração”, não é necessário entender nada por explanações, explicações ou elucidações, os sentimentos são transmitidos de tal maneira que chegam de maneira extraordinariamente eficaz ao campo sentimental da outra pessoa. As pessoas são obras de arte vivas, e as obras de arte são pessoas, porque a vida é inflamação de espírito.

      Brilho nos olhos, maneira de falar, de se mover, de expressão facial, formato do rosto, do corpo. Tudo pode ser visto como arte. A pergunta é: Acaso o sentimento pode ou não ser transmitido? Pois é algo que depende de valores pessoais, como cada pessoa possui valores diferentes entende-se que a interpretação de uma mesma obra de arte, ou de uma pessoa que expressa seus sentimentos é diferente para cada um.

      Como estes valores pessoais ( Moral, idéias, valores estéticos e políticos ) são delineados em grande parte pela cultura, é viável afirmar que diferentes contingentes culturais possuem uma interpretação da arte e dos sentimentos similar.

      Assim, mesmo que hajam pequenas diferenças pessoais é certo que dentro de um mesmo grupo a interpretação, entendimento e sensibilização será muito similar. Portanto, há pessoas que não conseguem entender determinados sentimentos porque não foram educadas para isto, ou não cresceram na cultura que proporciona o subsídio para que ela entendesse este sentimento.

      No entanto, este apartado não fala de entender sentimento senão senti-lo diretamente no momento em que está sendo expresso, seja por uma pessoa ou através de uma obra de arte. Como recalcitramos antes que o entendimento depende de valores culturais seria condizente dizer que uma pessoa não entenderia sentimentos de outra cultura, no entanto em se falando de sentimento-sentimento não passamos pelo processo de entender senão de sentir de maneira direta.

      Assim: Existem valores humanos sentimentais que independem da cultura. Estes podem ser assimilados diretamente sem o processo racional de interpretação.

       É importante reforçar que estamos falando sobre os 5 tipos de ferramentas para a interpretação da realidade, não defendo particularmente a tese de que um sentimento possa ser compreendido em toda sua plenitude, somente quando sentido, ou uma idéia possa ser entendida somente quando interpretada por um entendimento racional, ou mesmo uma vivência motora para ser entendida e sentida somente através desta vivência. Isto porque há uma inter-relação entre todos estes aspectos, de modo que a realidade pode ser vivenciada com a utilização de outros meios que não seja o seu em específico. Do contrário não seria necessário colocar tantos tópicos nesta luta que estamos empreendendo para descobrir como o homem entende e vivencia o mundo. Colocaríamos erroneamente somente as categorias ambivalentes: Físico-Físico, Racional-Racional, Sentimental-Sentimental e Transcendental-Transcendental.

4)SENTIMENTAL-INTUITIVO – Os meios mais propícios para que haja um “surto”, lapso ou insight de intuição são a razão e a emoção. É na arte que se encontram os exemplos mais marcantes e evidentes de intuição e subseqüente criatividade. Os sentimentos estão ainda mais próximos da intuição que a razão porque não exigem um veículo de linguagem específico nem conclusão de verdades lógicas. Por isto, o artista têm mais facilidade que o intelectual de ser acometido por surtos intuitivos.

      No entanto a intuição é apenas o primeiro passo para uma criação complexa e laboriosamente desenvolvida, o que se faz necessário para isto além da intuição é o método, organização, delimitação, definição de objetivos e metas, que são aspectos exclusivamente pertencentes à razão e ao intelectual.

      Assim, é fácil que um artista, por mais facilidade que tenha em inundar-se de intuições perca-se perigosamente num mundo desorganizado, se acaso faltar-lhe razão. Entretanto o tem base desta vertente é a interpretação da intuição através dos sentimentos: A intuição não é algo que possa ser interpretado ou entendido pelos processos racionais ( Como já foi visto no tópico: “Do não é ao é” ), por isto os sentimentos captam a intuição antes que a razão possa começar eu trabalho de entendimento. Na prática isto condiz com um artista enternecido em lágrimas sem saber exatamente o por quê. O processo intuitivo é uma realidade análoga ao entendimento da razão mas clara ao coração, chora porque seu campo sentimental vivenciou a intuição.

5)SENTIMENTAL-TRANSCENDENTAL – Representa o devoto que utiliza a emoção como vínculo e meio de chegar à Deus, às verdades divinas e ao estado de transcendência psíquica. É certo que a chamada “Santa indiferença” nos traz a idéia de que para elevar-se ao estado de divinização não são necessárias emoções fortes, nem positivas nem negativas, o que nos reporta a idéia de um estado indiferente ao mundo, no entanto as emoções constituem um dos métodos para a busca do transcendente.

      Não obstante, as emoções, quando aproximadas à verdade espiritual são consideradas como distorção, apegos, exageros e realidades limitadas. Isto explica a “Santa indiferença” e nos faz concluir que para atinjir as vrdades espirituais as emoções podem, a pesar de constituírem um meio, não serem o mais adequado mas sim o transcendental-transcendental. ( Que traduz a “Santa indiferença”)

 

IV – Intuitivo ( Não definido )

 

SOBRE A INTUIÇÃO – O que seria uma personificação intuitiva não pode existir porque a intuição, ao contrário do físico, razão, emoção e transcendência não constitui uma ferramenta de percepção da realidade delineada de maneira fixa, mas sim algo vazio e nulo que existe somente em potencial ( Conforme visto no esboço ). Por isto a intuição não pode personificar uma pessoa. Dir-se-á que ela é comumente acometida por intuição, no entanto a intuição só existe onde haja um meio que a suscite, traga e faça dar luz. É como dizer que uma cultura de fungos só nascerá donde haja um local e uma temperatura adequada para isto.

      Assim, têm-se que os processos intuitivos iniciam sim da intuição, mas já com outro componente que a receba ( Seja físico, racional, sentimental ou transcendental ) De modo sucinto, espero que o leitor compreenda, a única coisa que quero dizer é que a intuição não existe, ou para melhor expressar: a intuição é o círculo de todas as nossas potencialidades não descobertas.

      Antes de ser  coisa intuída a intuição é a ferramenta que faz vir à tona o que antes estava em um campo potencial latente. Acabei por me contrariar, pois a intuição existe, é como uma vara de pescar que aparece de repente e logo some.

      Os intuitivos são os astrólogos, cartomandes, magos, bruxas, feiticeiros, etc... O que ocorre é que não podemos conceber que a pessoa tenha uma intuição à partir de uma idéia, mas sim que teve uma idéia à partir de uma intuição.

      O que pode se confundir é que a pessoa após ter uma intuição irá desenvolver no campo das idéias uma criação que se utiliza dos subsídios intelectuais de que já dispõe, por isto não existem idéias que partem propriamente do nada mas sim de recursos e informações já disponíveis.

      Toda a bagagem cultural existente se transforma, relaciona, muda de cor quando acometida pelo insight intuitivo, de modo que o que antes era de um jeito fica com nova formatação, parecendo algo novo e inaldito. ( Mesmo que não o seja exatamente )

      Se a intuição não personifica o homem por não ser uma qualidade permanente, qual seria a personificação de alguém como um cartomande? Acabei de forma patética de colocar-me num beco, caso continuemos esta teoria não haverá saída. Para isto estamos filosofando, talvez a melhor saída seja dizer que a intuição pode personificar o homem, mesmo que isto contrarie algumas regras anteriores.

      Busquei esta saída quando pensei que o cartomande explica suas intuições visionárias com um processo intelectivo, o que significa dizer que interpreta a intuição utilizando-se da razão para perceber esta realidade. ( O que é justamente a RAZÃO-INTUIÇÃO )

      Mas que barbaridade! Acabei por cair no mesmo erro, pois o que se procura é justamente o revés. O revés se passa quando alguém ouve uma obra musical, e curiosamente é invadido por idéias inovadoras, porque a obra lhe propiciou o material adequado à tal ocorrência. Pode-se dizer que ele interpretou aquela obra de arte de maneira intuitiva? Teríamos uma INTUIÇÃO-SENTIMENTO ? ( Ou seja: Uma interpretação da arte pela intuição. )

      Sustento uma opinião retrógrada com relação à esta ocorrência, pois a intuição não interpretou a música senão utilizou-se dela para criar uma nova idéia. No mundo intuitivo interpretar significa mudar, transformar e criar, e não simplesmente entender algo que já exista. Ainda que o que foi criado seja algo real.

      Este tema é demasiado difícil de se desenvolver, entramos em muitas contravenções e por fim defini-se que o vínculo que a intuição têm com o homem é algo à parte, que interpreta de uma maneira muito especial, ininteligível. Talvez por isto tenha sido tão difícil recair neste campo.

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